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Após Sandy, Romney é questionado sobre proposta de cortar orçamento para prevenção de desastres

Obama e o administrador do departamento de emergências conversam em Maryland - Jewel Samad/AFP
Obama e o administrador do departamento de emergências conversam em Maryland Imagem: Jewel Samad/AFP

Fabiana Uchinaka

Do UOL, em Chicago

31/10/2012 18h21

A passagem da tempestade Sandy, que vem sendo considerada um dos maiores desastres naturais enfrentados pelos Estados Unidos, chegou ao país em um momento delicado --a pouco mais de uma semana da eleição presidencial, marcada para 6 de novembro. Por isso, os passos dados pelos dois candidatos neste momento de crise estão sendo fortemente analisados pelo eleitorado.

Mas, enquanto Barack Obama tenta ser apenas o presidente, o candidato republicano Mitt Romney precisa responder perguntas espinhosas, sem parecer que está fazendo campanha ou se aproveitando da situação. Jornalistas locais resgataram uma fala do candidato em um debate em junho de 2011 na qual ele defendia o corte no orçamento, incluindo os de programas de prevenção de desastres naturais. Uma das propostas de governo do Romney é diminuir brutalmente o gasto em programas federais.

"Devemos pegar tudo o que estamos fazendo em nível federal e dizer, 'quais são as coisas que estamos fazendo que não temos que fazer'? E essas coisas que temos que parar de fazer, porque estamos emprestando US$ 1,6 trilhão a mais neste ano do que estamos arrecadando. Nós não podemos nos dar ao luxo de fazer essas coisas sem colocar em risco o futuro de nossos filhos", disse o republicano.

Segundo cálculo da "CNN", nos últimos dias, Romney foi questionado 14 vezes por repórteres sobre o que faria com o Fema (Federal Emergency Management Agency), o departamento de gerenciamento de emergências dos EUA, e que fim daria às verbas de prevenção de desastres, mas ele simplesmente se negou a responder. Já a campanha dele informou que ele não pretende acabar com a agência.

Furacão Sandy provoca estragos nos EUA, América Central e Canadá
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Sandy x campanha

Obama e Romney suspenderam eventos de campanha e voltaram-se rapidamente para a gestão da crise, tentando demonstrar competência e evitar qualquer comparação com o ex-presidente George W. Bush na ocasião do Katrina. Em 2005, o ex-presidente republicano arruinou sua reputação quando levou quatro dias para aparecer em Nova Orleans após o furacão. Na época, o Fema foi acusado de não agir de forma correta --mais de 1.800 pessoas morreram no desastre.

O esforço que Obama vem fazendo para mostrar que está acompanhando cada movimento da tempestade Sandy sobre a costa leste dos Estados Unidos, tentando dar respostas rápidas e, assim, evitar ser comparado com seu antecessor não agradou aqueles que passaram por situação parecida em 2005. Para Michael Brown, ex-diretor do Fema, Obama agiu rápido demais.

Em entrevista ao jornal “Westword”, Brown, que foi altamente elogiado por Bush no rescaldo do furacão Katrina, disse que se preocupava com o fato de o presidente ter alertado a população “prematuramente” porque isso poderia fazer com que elas ficassem complacentes. “Ele provavelmente imaginou que domingo era uma bom dia para fazer uma conferência de imprensa", afirmou.

No domingo, Obama declarou estado de emergência ao longo da costa leste, bem antes da Sandy atingir Atlanta. Isto permitiu que os recursos federais fossem rapidamente liberados para os Estados ameaçados e os governadores puderam preparar com antecedência os locais que foram afetados. Foram mobilizados mais de 1.500 trabalhadores especializados em desastres e 294 membros do Fema, cinco milhões de litros de água, três milhões de refeições, 900 mil cobertores e 100 mil berços.

Eleições 2012 nos EUA
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