Dono de loja em Chicago é chamado de racista por colocar frase anti-Obama na vitrine
Não é fácil ser oposição na cidade do coração do presidente Barack Obama, mas o tagarela dono de uma tradicional lojinha de artigos para bijuterias na região do Lincoln Park, no norte de Chicago, não se dá por vencido. Nem mesmo uma grande mensagem escrita em batom vermelho pintada na vitrine fez com que Sam Wolfson, 75, retirasse seus cartazes polêmicos, escritos a mão, da entrada do estabelecimento.
Ele foi chamado de "racista" por expor uma mensagem direcionada ao candidato republicano Mitt Romney e outra na qual criticava o trabalho de Obama: “Romney, para ser presidente você deve dizer as palavras mágicas: se eleito, eu não vou me curvar ao rei da Arábia Saudita", diz um cartaz. "Obama, eu construí este negócio trabalhando sete dias por semana, você não", afirma o outro.
"Óbvio que eu não sou racista. Escreveram isso do lado de fora da loja, mas eu só dei a minha opinião. Este é um país livre, e eu quero mostrar o que eu penso. Eu vou votar no Romney, e eu sou democrata. Muitos democratas estão votando em Romney, porque Obama nos enganou uma vez e não vai enganar de novo. Isso não tem a ver com cor, os negros não arranjam emprego também, como podem votar nele?", desabafou Wolfson ao UOL.
Ele logo avisa: "vou falar o que penso, não sou de medir minhas palavras, ok?". E dispara: "Ele é um presidente burro, sejamos realistas. Obama é socialista e está destruindo este país. Se ele for reeleito, vai levar este país à falência. Vamos acabar como a Grécia, fazendo protestos no meio da rua. Ele é simplesmente um presidente ruim, não sabe o que está fazendo".
Uma das principais armas da campanha de Romney é defender a redução dos gastos em programas federais para controlar a dívida do país, que está em US$ 16 trilhões. Sempre que quer atacar Obama, o republicano diz que a dívida é "imoral" e que o país vai acabar como a Grécia, falido.
Cartazes --escritos à mão-- contra Obama e a favor de Romney em fachada de loja em Chicago, cidade em que o presidente americano viveu
Fachada de loja em Chicago, cidade de Obama, com cartaz a favor de Romney. Wolfson avisa que já apagou o protesto escrito com batom!
Embora as críticas à política econômica do atual governo sejam abundantes, a raiva do lojista também esconde um sentimento de traição. Wolfson acredita que foi enganado pelo presidente, que venceu as eleições em 2008 se apoiando numa mensagem de esperança e mudança. "Hope" e "Change" ilustram o famoso cartaz de campanha, azul e vermelho, com o retrato de Obama.
"Eu votei nele em 2008, mas cometi um erro, acreditei naquela bobagem. Não há esperança, não há mudança, o que há é 23 milhões de americanos desempregados e crianças saindo da faculdade sem conseguir um trabalho. Não sei o que eu esperava... Esperei que a economia crescesse, mas nada aconteceu", disse. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, em setembro 114 mil vagas foram criadas, o que fez o desemprego recuar para 7,8%, mas ainda existe 12,1 milhões de desempregados no país.
Wolfson é o retrato de grande parte dos americanos nesta eleição. Seu voto é movido pelo avanço da economia e dos empregos. Se um apoia o casamento gay e o outro é contra o aborto, se um ajuda os imigrantes e o outro quer por fim à reforma da saúde, não importa. "Eu não ligo para os outros assuntos: se um cara quer casar com outro, não é problema meu. Só acho que o Obama não pode se meter na religião", afirma.
Mas, afinal, o que tem o rei da Arábia Saudita a ver com a história?
"Eu quero ver um presidente dizer que não vai apoiar o rei da Arábia Saudita, porque lá não existe direito das mulheres. Eles matam uma mulher se ela olha para outro homem. Lá, elas são apedrejadas. E Obama aprova esse cara. Nenhum presidente enfrentou o rei da Arábia Saudita", explica.
O atual rei da Arábia Saudita é Abdullah bin Abdul Aziz Al-Saud, que herdou o posto em 1996. É considerado mais fanático ao Islã do que seus antecessores por aplicar punições exageradamente brutais.
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