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Sem teto e desempregada, jovem americana se nega a apoiar qualquer candidato

A sem-teto Ego (de costas) passa o dia sentada na esquina das ruas Adams e Wells, no centro de Chicago, segurando uma placa de papelão onde se lê: "Procuro emprego"; a garota não acredita, nem apoia, o democrata Obama ou o republicano Romney - Fabiana Uchinaka/UOL
A sem-teto Ego (de costas) passa o dia sentada na esquina das ruas Adams e Wells, no centro de Chicago, segurando uma placa de papelão onde se lê: "Procuro emprego"; a garota não acredita, nem apoia, o democrata Obama ou o republicano Romney Imagem: Fabiana Uchinaka/UOL

Fabiana Uchinaka

Do UOL, em Chicago (EUA)

02/11/2012 14h44

"Eu não acredito em nenhum dos candidatos, sabe? Não tem solução para a economia, por isso não defendo nenhum governo ou político. Acho tudo muito deprimente". A frase é de uma garota de 22 anos que se apresenta como Ego, mas prefere não revelar seu nome completo.

Ela passa o dia sentada na esquina das ruas Adams e Wells, no centro de Chicago, segurando uma placa de papelão onde se lê: "Procuro emprego". Sua boina tricotada com lãs coloridas serve de porta moedas e notas de US$ 1, jogadas pelos transeuntes.

Ego conta que chegou à cidade, segundo maior centro financeiro dos Estados Unidos, há três semanas, porque queria ficar mais perto de sua família. Veio "de uma pequena cidade muito longe", distante cerca de 3.600 quilômetros de Chicago, e desde então vive na rua. Dorme na praça, porque no abrigo roubaram muitas de suas coisas.

"Não dá para eu morar com a minha família no momento, então estou tentando arranjar um emprego", explica, sem dar muitos detalhes. "Aceito qualquer tipo de trabalho."

Perguntada sobre a situação econômica do país, se melhorou com o governo Obama ou se ela acha que com Romney ficaria melhor, ela diz: "eu me considero uma independente, não sou nem democrata nem republicana, porque não acho que eles podem me ajudar. Só eu posso me ajudar. Então, é isso que estou fazendo".

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O negócio, explica ela, é viver um dia de cada vez e ver o que acontece. "Não penso no futuro, não faço planos, porque não tenho nada a que me agarrar. Enquanto não tiver uma fonte de renda, vou vivendo".

Dados de desemprego

Nesta sexta-feira (2), os dados sobre as taxas de desemprego dos Estados Unidos eram aguardados com muita expectativa pela imprensa americana. Houve até contagem regressiva nos principais canais de televisão do país. Isto porque, quatro dias antes das eleições presidenciais, a disputa continua extremamente apertada. Com grande parte dos eleitores votando em um ou outro candidato apenas por suas propostas para a economia, qualquer dado negativo poderia minar as chances de o presidente Barack Obama se reeleger.

Os dados revelaram-se um dos melhores desde 2009, e a campanha do democrata pode respirar aliviada. Foram criados 171 mil postos de trabalho no mês passado, segundo o Departamento do Trabalho. A taxa de desemprego aumentou em 0,1 ponto percentual, para 7,9%, mas a variação foi por conta de um maior número de pessoas que voltaram a procurar empregos. Os índices de agosto e setembro também foram revistos e mais 84 mil vagas criadas foram adicionadas à conta.

Mas, apesar do avanço, ganhar o voto dos americanos afetados pela crise é uma tarefa difícil. Cerca de 12,3 milhões de pessoas em idade economicamente ativa (entre 18 e 65 anos) ainda estão desempregadas no país, sendo que destas, cinco milhões procuram emprego há mais de seis meses.

Muitos ainda têm dúvidas se Obama conseguiu solucionar a crise econômica no país e criar um cenário estável de geração de empregos. Outros desconfiam das propostas do rival, o republicano Mitt Romney, que apresenta como solução sua experiência como ex-executivo de um fundo de investimentos e um plano genérico de cinco metas para criar 12 milhões de empregos em quatro anos.

"Eu voto no Obama porque ele é uma pessoa sincera, e para mim isso é o mais importante na vida. A economia é um problema que ele herdou e está tentando lidar de uma maneira razoável. Herdamos uma dívida enorme de políticos que fizeram coisas erradas, esse é o principal problema. Obama está no caminho certo", diz o aposentado Richard Brandon, que carrega no peito um grande broche com a foto do presidente e a frase: Obama se importa.

Brandon também teme que o republicano só se importe com os ricos. "Romney cresceu em uma área onde não teve contato com as pessoas reais, comuns. Cresceu longe do sofrimento e da realidade das pessoas. Ao contrário do Obama, que passou a vida toda lidando com isso".

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Mas, quem prefere Romney, rebate: Obama teve sua a chance e não fez o suficiente, agora é hora de colocar alguém que entenda de economia na Casa Branca.

"Não dá para acreditar que alguém votaria nele com a situação que estamos, com a economia do jeito que está", diz a vendedora Gloria Barr. "Acho que Romney tem mais experiência, e pode dar um jeito. Ele diz que vai diminuir a dívida, e acho que é por aí. Não quero que o país vá à falência".