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Após um ano, restos do Costa Concordia só devem ser retirados a partir de setembro

Fábio Luís de Paula

Do UOL, em São Paulo

13/01/2013 06h00

Após um ano do naufrágio que deixou 30 mortos e dois desaparecidos na costa italiana, o navio Costa Concordia continua atracado no mesmo lugar e deve demorar para ser retirado.

Veja local do naufrágio

  • Arte/UOL

O acidente, que aconteceu na noite do dia 13 de janeiro de 2012 perto da ilha de Giglio, completa exatamente um ano neste domingo, e autoridades da região estimam que os restos do cruzeiro sejam retirados durante o próximo outono europeu, que vai de setembro a novembro.

A carcaça se tornou ponto turístico na Itália, recebendo a visita de muitos turistas que posam para fotos.

O presidente da região da Toscana, Enrico Rossi, disse no começo de janeiro que os planos para a retirada dos restos do navio, que tem 114.500 toneladas, ainda estão sendo avaliados.

Especialistas da empresa americana Titan e da italiana Micoperi, responsáveis pela operação, disseram que a ação deve custar pelo menos 300 milhões de euros (cerca de R$ 786 milhões) e vai estabelecer novos padrões técnicos e ambientais.

 

Homenagens

Missas, cultos e cerimônias de todas as religiões devem acontecer hoje em várias partes do mundo. A Costa Cruzeiros, dona do navio, organizará uma cerimônia indiana em Mumbai e Goa, outra muçulmana em Jacarta e Bali, uma budista em Xangai e duas missas católicas em Manila e Lima. Bandeiras em todos os escritórios da empresa serão hasteadas a meio mastro.

No local da tragédia, uma placa com o nome das vítimas será fixada em um rochedo no mar e uma missa será celebrada na igreja que acolheu os primeiros sobreviventes. Na hora exata do acidente, às 20h45 de lá, sirenes vão tocar e outra igreja receberá um concerto de música clássica.

"Será um dia muito triste", disse o prefeito de Giglio, Sergio Ortelli.

O acidente e o culpado

O navio encalhou em uma formação rochosa a 300 metros da costa após manobras polêmicas efetuadas por seu capitão, Francesco Schettino, acusado por homícidio múltiplo, abandono de embarcação, naufrágio e de não ter informado as autoridades imediatamente após a colisão.

Além disso, ele é acusado de ter demorado para começar a evacuação e de ter minimizado a situação.

Após o impacto, passaram-se várias horas e o navio foi se inclinando até que as primeiras tarefas de desembarque dos 4.229 passageiros e membros da tripulação começasse.

A Justiça suspeita que ele navegou muito próximo da ilha de Giglio, em alta velocidade, para saudar autoridades e moradores locais. Mas Schettino diz que evitou uma tragédia maior ao levar o navio para águas mais rasas, e que a empresa sabia da prática.

A Costa Cruzeiros nega a acusação e também se exime de insinuações a respeito de um gerador defeituoso, ou de que teria demorado para avisar autoridades em terra sobre o acidente.

Livro e queixas

O capitão queixou-se de ser "retratado como alguém pior do que Bin Laden", em entrevista à imprensa italiana. Schettino também nega que tenha abandonado o navio, afirmando que "caiu" em um bote salva-vidas devido à "gravidade", já que o navio estava muito inclinado.

"Sobre mim só leio mentiras indecentes. Existem provas que mostram uma história completamente diferente e mostram que não sou covarde", disse. Ele está escrevendo um livro sobre o acidente. "Sem poupar ninguém, vou contar tudo que querem esconder". (Com agências internacionais)