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"Eles estavam bem-preparados e conheciam o local", diz testemunha de ataque a campo de gás na Argélia

Do UOL, em São Paulo

17/01/2013 19h00

Uma testemunha do ataque a uma usina de gás tomada por rebeldes na Argélia afirmou nesta quinta-feira (17) que o grupo sequestrador “estava muito bem-preparado e conhecia o local, tanto que cortaram a produção logo após terem controlado a usina”.

O depoimento foi dado ao jornal francês Le Monde, sob anonimato. Ontem, um grupo de rebeldes ligados à Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e aos movimentos Ansar Dine e Mujao tomaram uma usina de gás natural localizada em In Amenas, no sul da Argélia. A usina é controlada por um consórcio formado pela argelina Sonatrach, a britânica BP (British Petroleum) e a norueguesa Statoil.

A ação do grupo foi uma resposta à abertura do espaço aéreo da Argélia para que a aviação francesa bombardeasse o norte do Mali no domingo (13), controlado por grupos armados salafistas desde junho de 2012.

Segundo a testemunha, “os rebeldes eram de várias nacionalidades. Havia um egípcio, um tunisiano, um argelino e um negro, provavelmente nigeriano ou malinês. Era impossível saber quantos eles eram. Um deles falava um inglês perfeito”.

Ele ainda contou que o primeiro ataque dos rebeldes, realizado na madrugada de quarta-feira, visava um ônibus que levava passageiros ao aeroporto. Houve feridos.

Em seguida, eles atacaram as construções destinadas aos funcionários. “Um dos empregados, um estrangeiro, ouviu os tiros e se dirigiu aos militares para buscar refúgio. Mas eram rebeldes que estavam vestidos desse jeito para despistar as pessoas”, continua.

“Os outros funcionários, já em seus respectivos quartos ou em outros cômodos, permaneceram onde estavam e tentaram se esconder. Há uma orientação da equipe de segurança para que as pessoas façam isso. Mas os rebeldes fizeram uma ronda após tomarem o controle da usina.”

A testemunha acrescentou que vários argelinos estavam em outro local, uma sala que serve de recepção, sala de jogos e cybercafé. Quando ouviram os primeiros tiros, tentaram fugir pela saída de emergência. “Como os rebeldes estavam no restaurante neste momento, não conseguiram impedi-los. Assim, entre 400 e 600 pessoas conseguiram fugir.”