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Em seu último sermão, papa Bento 16 diz ter consciência da gravidade e inovação de sua renúncia

Do UOL, em São Paulo

27/02/2013 07h07Atualizada em 27/02/2013 09h32

Em seu último sermão como papa, Bento 16 reiterou nesta quarta-feira (27) que está fraco e que renunciou pelo bem da Igreja. Sob aplausos da multidão na praça São Pedro, o papa voltou a justificar a sua decisão, afirmando que, nos últimos anos, sentiu as suas forças diminuírem. Ele disse ainda que tem "plena consciência da gravidade e inovação" da sua atitude, mas que era preciso "ter a coragem de fazer escolhas sofridas".

No discurso de despedida, o pontífice agradeceu aos seus colaboradores mais próximos, entre eles o seu secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, e ressaltou que nunca se sentiu só na condução da Igreja. "Nunca me senti sozinho ao levar a alegria e o peso do ministério petrino." Bento 16 citou ainda as manifestações de carinho que recebeu de inúmeros fiéis ao redor do mundo desde que anunciou a sua renúncia: "O papa nunca está sozinho".

Joseph Ratzinger chegou a dizer que o pontificado é um peso muito grande, mas que não abandonará a cruz e permanecerá "de uma maneira nova perto do Senhor crucificado". Ao longo dos cerca de oito anos do seu papado, ele afirmou ter vivido momentos de alegria e momentos difíceis.

"O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja e o Senhor parecia dormir", disse.


Logo no início da cerimônia de hoje, ele agradeceu a presença em massa de fiéis na praça em frente à Basílica de São Pedro e acrescentou que "vê a Igreja viva". O pontífice deixa oficialmente o comando da Igreja Católica amanhã. "Neste momento, abraço toda a Igreja espalhada pelo mundo."

A expectativa era que mais de 50 mil fiéis fossem até a praça, segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, mas estimativas iniciais apontam para a presença de 100 mil pessoas no local.

O tradicional "beija mão", em que o papa é cumprimentado, foi suspenso devido à quantidade de presentes. Antes e depois da audiência, porém, o papa percorreu a praça no seu papamóvel para fazer um cumprimento geral. No meio do caminho, fez paradas para beijar algumas crianças.

Após a audiência pública, o papa deverá receber as autoridades presentes na Sala Clementina do Palácio do Vaticano.

Último dia como papa

Na manhã de quinta (28), último dia de seu pontificado, ele se reunirá com os cardeais que estão em Roma.

A previsão é que Bento 16 deixe o Vaticano de helicóptero em direção à residência de verão de Castel Gandolfo, no sul de Roma, por volta das 17h15 (13h15 no horário de Brasília). Assim que chegar ao local, ele deverá aparecer na sacada para saudar as pessoas que tiverem ido recebê-lo.

O pontífice vai morar em Castel Gandolfo pelos próximos dois meses, antes de se estabelecer em um convento dentro do Vaticano. A Sede Vacante, período em que o Vaticano fica sem papa, terá início às 20h no horário local.

 

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A renúncia

O papa Bento 16 anunciou a sua renúncia no dia 11 de fevereiro durante encontro de cardeais no Vaticano. Ao justificar a sua decisão, o pontífice de 85 anos alegou estar cansado e com a saúde frágil por conta da idade avançada. O Vaticano negou, porém, que ele tenha alguma doença. É a primeira vez em quase 600 anos que um papa renuncia ao seu pontificado.


O jornal "O Estado de S.Paulo" chegou a apontar uma disputa interna de poder praticada por ex-aliados nos últimos meses como uma das razões para a saída do pontífice.


Já o jornal italiano "La Reppublica" relacionou a renúncia a um relatório, entregue a Bento 16 em dezembro passado, que investigou as suspeitas de corrupção e escândalos sexuais dentro da Igreja. O Vaticano reconheceu a existência do documento, mas descartou qualquer ligação.


Ao deixar o pontificado, o cargo ficará vago até a eleição do próximo papa. A expectativa é que o conclave de cardeais eleja um novo pontífice ainda em março, antes da Páscoa. 

Cinco cardeais brasileiros deverão participar da eleição. Segundo a última lista do Vaticano, há um total de 116 cardeais aptos a votar. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite de 80 anos.