Em pronunciamento na TV, presidente do Egito culpa Mubarak e influências estrangeiras por protestos
O presidente do Egito, Mohammed Mursi, fez um pronunciamento na TV defendendo sua eleição como um processo legítimo e aprovado pela maioria da população, na noite desta terça-feira (2).
Na madrugada desta quarta-feira (3, hora local), ao menos 16 pessoas foram mortas e outras 200 ficaram feridas, quando homens não identificados atacaram um grupo de partidários de Mursi nos arredores da Universidade do Cairo, anunciou o Ministério da Saúde.
Discurso
Em seu discurso à nação, Mursi anunciou a formação de um governo de união nacional e de um comitê para emendar a Constituição do país, sem dar mais detalhes do que isso representa na prática e de como esse governo será estabelecido.
Mohammed Mursi faz pronunciamento na TV após protestos pedindo sua renúncia
O presidente egípcio disse que não estava se agarrando ao poder, e que sua eleição pelo povo foi justa, uma Constituição foi elaborada e um governo está em vigor, um governo legítimo.
“Eu vou me manter fiel a essa legitimidade e continuarei sendo um guardião dessa legitimidade.”
A menos de 24 horas do ultimato dado pelos militares do país para que a crise política do país seja resolvida, Mursi disse que ainda há muitos desafios deixados pelo governo anterior e culpou o ex-ditador Hosni Mubarak e influências estrangeiras pelos problemas do Egito.
“Os remanescentes do antigo regime e sua falta de vontade de seguir em frente, e as tentativas de manter o Egito em um impasse, tudo isso é inaceitável", disse o presidente.
Tom dramático
Perto do fim de seu discurso, com duração de quase uma hora, o presidente do Egito falou em sacrifício.
“Se o preço para proteger a legitimidade é o meu sangue, então estou pronto para sacrificar meu sangue pela causa da segurança e legitimidade de nossa terra. Não sejam enganados, não caiam na armadilha. Não abandonem essa legitimidade.”
“Não tenho outra escolha. Assumi a responsabilidade e continuarei assumindo essa responsabilidade.”
“Ameaça ao povo”
Logo após o pronunciamento do presidente, Mohammed Abdelaziz, líder do movimento Tamarod (rebelião, em árabe), de oposição ao governo, disse em entrevista a uma TV privada que Mohammed Mursi era “uma ameaça a seu povo”.
Abdelaziz afirmou, em nome do movimento, que "nós consideramos que ele não é mais presidente".
Na praça Tahrir, onde a multidão se concentra há vários dias em protesto contra Mursi, o discurso do presidente foi recebido aos gritos de "Renuncie, renuncie! Não queremos você!".
Mursi pede, pelo Twitter, retirada de ultimato
Pouco antes de fazer seu pronunciamento na TV, o presidente Mohammed Mursi publicou em sua conta no Twitter que defendia a “legitimidade constitucional” e pediu que fosse retirado o ultimato feito pelos militares do país, cujo prazo termina por volta de meio-dia desta quarta-feira (3), no horário local.
"O presidente Mohammed Mursi afirma a sua compreensão sobre a legitimidade constitucional e rejeita qualquer tentativa de desviar-se disso, e pede às Forças Armadas para retirar o seu aviso e se recusa a ser comandado interna ou externamente", disse.
A aliança de oposição no Egito disse que a recusa do presidente Mohammed Mursi em aceitar um ultimato militar para dividir o poder colocou o país no caminho de confrontos e aumentou o risco de violência.
"Isso está levando a um confronto, não oferece qualquer compromisso nem ouve as pessoas nas ruas, e estamos muito alarmados com a escalada da violência", disse Khaled Dawoud, porta-voz da Frente de Salvação Nacional.
Mursi se reuniu nesta terça-feira com o chefe do exército e ministro da Defesa, general Abdel Fatah al Sisi, para falar da crise política, segundo fontes militares. Não há informações sobre o teor da conversa.
Suspensão da Constituição
As Forças Armadas do Egito suspenderiam a Constituição e dissolveriam o Parlamento dominado por islamitas, segundo um esboço de um roteiro político a ser seguido caso o presidente islâmico Mohammed Mursi e a oposição liberal não cheguem a um acordo até quarta-feira, disseram fontes militares à agência Reuters.
O Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF) ainda estaria discutindo detalhes e o plano, destinado a resolver a crise política que levou milhares de manifestantes às ruas, que poderia ser alterado com base em acontecimentos políticos e consultas.
(com informações de agências internacionais, "CNN", "Guardian" e "Al Jazeera")
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