Polícia espanhola rebaixa para 78 número de mortes em acidente de trem
A polícia espanhola diminuiu para 78 o número de mortos no acidente de trem de Santiago de Compostela, após anunciar na quinta-feira (25) que 80 pessoas tinham morrido, e informou que seis deles ainda não foram identificados.
O delegado da Polícia Científica Antonio del Amo explicou hoje à imprensa como está sendo feito o trabalho de reconhecimento das vítimas.
Del Amo afirmou que apesar do número divulgado ontem, por enquanto o acidente matou oficialmente 78 pessoas. Segundo o policial, a identificação é complexa pois muitas vezes os corpos foram despedaçados, confundindo o reconhecimento.
Das 72 vítimas reconhecidas, 69 são de espanhóis e há três estrangeiros.
O maquinista do trem está oficialmente detido. O condutor permanece em um hospital de Santiago de Compostela e foi acusado por "imprudência" com resultado de morte, disse o chefe da polícia da região da Galícia, Jaime Iglesias.
Segundo o policial, o maquinista foi "acusado por um fato delitivo vinculado à autoria do acidente".
Acidente
O trem de alta velocidade com oito vagões saiu dos trilhos nos arredores de Santiago de Compostela na noite de quarta-feira (24), em um dos piores acidentes ferroviários da Europa.
A tragédia aconteceu no dia em que a cidade deveria ter celebrado uma das maiores festas cristãs da Europa. Autoridades cancelaram as festividades por luto.
Um funcionário local descreveu as cenas após o acidente como o inferno, com corpos espalhados perto dos trilhos. O impacto foi tão grande que um vagão voou vários metros e caiu do outro lado da alta barreira de concreto.
"Ouvimos um barulho enorme e descemos até os trilhos. Ajudei a resgatar alguns feridos e corpos para fora do trem. Entrei em um dos vagões, mas prefiro não dizer o que eu vi lá", disse à Reuters Ricardo Martinez, um padeiro de 47 anos, em Santiago de Compostela.
Testemunhas contaram à imprensa espanhola que um dos maquinistas, Francisco José Garzón, foi visto auxiliando no resgate das vítimas e gritando ao telefone: "Descarrilei! O que eu faço?"
Garzón, 52 anos, é maquinista há 30 anos, disse uma porta-voz da empresa ferroviária Renfe. Muitos jornais publicaram trechos de sua página no Facebook em que se gabava de dirigir trens em alta velocidade. A página foi tirada do ar nesta quinta-feira e os relatos não puderam ser verificados.
Curva em alta velocidade
Segundo o jornal El País, um dos maquinistas ficou preso nos destroços da cabine e contou por rádio à estação ferroviária que o trem havia entrado na curva a 190 quilômetros por hora. Uma fonte oficial disse que o limite de velocidade naquela trecho de trilhos duplos era de 80 quilômetros por hora.
"Somos apenas humanos! Somos apenas humanos!", dizia o maquinista à estação, segundo relato do jornal a partir de informações de fontes próximas à investigação. "Espero que não haja mortos, porque isso vai recair sobre a minha consciência."
Os investigadores estavam tentando estabelecer com urgência por que o trem estava indo tão rápido e por que dispositivos de segurança para manter a velocidade dentro dos limites permitidos não funcionaram.
O trem, operado pela empresa estatal Renfe, foi construído pela Bombardier e Talgo e tinha cerca de cinco anos. Estava quase com o número máximo de passageiros.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que nasceu em Santiago de Compostela, a capital da região da Galícia, visitou o local e o principal hospital na quinta-feira (25). Ele declarou três dias de luto nacional oficial pelas vítimas do desastre. O rei Juan Carlos e a rainha Sofia também foram a Santiago e visitaram os feridos no hospital. (Com agências internacionais)
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