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'Se violação de sigilo atingiu a presidente, o que não dizer de cidadãos?', questiona Cardozo

Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília

02/09/2013 17h13

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta segunda-feira (2) que, caso comprovadas as denúncias de espionagem da presidente Dilma Rousseff, o governo brasileiro tem razões para se preocupar.

Para o ministro, “o que chama atenção é que a violação, se comprovada, atingiu a chefe do nosso governo”. “Se chega ao ponto de a violação de sigilo atingir a Presidência, e, particularmente, a figura da presidente, o que não dizer de cidadãos brasileiros e empresas?.”

Cardozo, que sempre se referiu às denúncias na condicional, disse que as “violações, se comprovadas, não condizem com as relações bilaterais que o Brasil têm com os Estados Unidos.”

Para o ministro da Justiça, a violação de sigilo “não pode acontecer sob nenhum pretexto”, nem mesmo “para investigar ilícitos”. A suposta espionagem, segundo Cardozo, é mais grave porque tem “uma dimensão política, empresarial”. “Do ponto de vista valorativo, fica sem sombra de dúvidas piorado.”

“Interceptações de dados só podem ser feitas em território brasileiro, com ordem judicial, e respeitado o principio da presunção da inocência”, afirmou Cardozo. 

Reação do governo

Cardozo e outros ministros estiveram reunidos na manhã desta segunda com a presidente no Palácio do Planalto para discutir as denúncias de espionagem, reveladas na noite do domingo pelo programa "Fantástico", da TV Globo.

Na coletiva de imprensa do Itamaraty, Cardozo e Luiz Alberto Figueiredo, ministro das Relações Exteriores, evitaram falar da reação de Dilma na reunião com os ministros. “Estamos falando pelo governo brasileiro e, portanto, a nossa posição [externada hoje] é a da presidente da República”, disse Cardozo.

Segundo os ministros, o Brasil acionará fóruns internacionais e abrirá diálogo com outros países, inclusive dos BRICs (Índia, China, Rússia e África do Sul, além do próprio Brasil), sobre o assunto.

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