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Após denúncia de espionagem, ministro se reúne com embaixador dos EUA no Itamaraty

Do UOL, em Brasília

02/09/2013 10h02Atualizada em 02/09/2013 12h20

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se na manhã desta segunda-feira (2) com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon. A reunião começou por volta das 9h e durou cerca de meia hora. Nem o embaixador nem o ministro falaram após o encontro.

"O embaixador dos Estados Unidos foi convocado a explicar os fatos revelados no programa Fantástico da TV Globo na noite de domingo", informou um porta-voz da chancelaria à AFP.

A reunião ocorre horas após a denúncia de que a presidente Dilma Rousseff foi espionada pelos EUA. Ontem, reportagem exibida pelo "Fantástico", da TV Globo, afirma que a presidente Dilma Rousseff e seus assessores foram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).

O jornalista Glenn Greenwald, que mora no Rio de Janeiro, apresentou um documento indicando que era objetivo da NSA "entender melhor" a comunicação da presidente com sua equipe.

Ao tomar conhecimento da denúncia, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, disse à TV que a espionagem é um fato "gravíssimo" e afirmou que, se confirmada, terá sido uma "clara violação à soberania" brasileira. Ele se reúne mais tarde novamente com a presidente.

Ainda no fim da tarde de ontem (1º), a presidente chamou os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para tratar do assunto em uma reunião fechada na residência oficial do governo, o Palácio da Alvorada.   

Ainda no período da manhã, Dilma recebeu por cerca de duas horas alguns ministros para discutir o assunto. Estiveram com a presidente Paulo Bernardo (Comunicações), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa) e Luiz Alberto Figueiredo.

Espionagem no Brasil

No começo de julho, o jornal "O Globo" revelou que o Brasil já vinha sendo espionado pelos americanos. A reportagem do jornal foi baseada em documentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden.

Segundo o jornal, que teve acesso aos documentos revelados por Snowden, os serviços de inteligência dos Estados Unidos interceptaram milhões de e-mails e chamadas telefônicas no Brasil.

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À época, o governo brasileiro classificou de "extremamente grave" a denúncia. "O que vimos é suficiente para que consideremos grave esta denúncia de espionagem. Haverá uma reação do governo brasileiro bilateralmente com pedido de esclarecimento", disse Tovar Nunes, porta-voz do Itamaraty.

Após a denúncia do jornal, o então ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, chegou a ir ao Congresso Nacional prestar esclarecimentos.

Em audiência no Senado, Patriota disse que, se ficasse confirmado que havia escutas do governo americano em postos diplomáticos do Brasil, isso seria "inaceitável" e configuraria "flagrante violação" de sigilo.

Já o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que o país se encontra vulnerável: "a situação que a gente se encontra hoje é de vulnerabilidade. Por mais que tenhamos proteção de informação sigilosa, a mera detecção de quem se comunica com quem, com que frequência, o tipo de contato que é mantido é uma informação de valor analítico para qualquer adversário que nós venhamos a ter fora do país".

Também presente à sessão do Senado em julho, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, José Elito Carvalho Siqueira, explicou que o sistema de segurança do país é bastante confiável, mas que a tecnologia do Brasil precisaria "alçar voos mais altos para atingir uma excelência".