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Culpar humoristas por serem atacados é como culpar a mulher pelo estupro, diz Adão

Georges Wolinski, um dos quatro artistas assassinados em Paris - Wikipedia
Georges Wolinski, um dos quatro artistas assassinados em Paris Imagem: Wikipedia

Pedro Cirne

Do UOL, em São Paulo

07/01/2015 13h18

Qual o limite que o humorista deve respeitar quando for criar uma charge?

Para o quadrinista Adão Iturrusgarai, não deve haver limite algum. “Culpar os humoristas por serem atacados é como culpar uma mulher estuprada por ter usado uma roupa provocante”, disse o gaúcho ao UOL ao comentar a morte de Wolinski, um de seus ídolos e uma de suas maiores influências.

Wolinski é uma das 12 pessoas mortas no ataque contra a sede da revista francesa "Charlie Hebdo", em Paris, nesta quarta-feira (7).

Adão está de férias na Patagônia e levou cinco livros para ler: todos de Wolinski.

“Não foi um ataque aos humoristas, foi um ataque à liberdade de expressão, à imprensa. Humoristas não devem pensar em limites”, diz Adão, conhecido por personagens como a linda e fogosa Aline e a dupla de caubóis gays Rocky e Hudson.

“A gente pode fazer piada de tudo o que quiser. Religião católica, islamismo, budismo. Não tem que ter essa barreira”, pondera Adão sobre seu ofício. “Não acredito que os atacantes sejam religiosos, eles são loucos. É uma barbárie.”