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Estado Islâmico ameaça o mundo inteiro, diz Hollande a prefeitos franceses

Do UOL, em São Paulo

18/11/2015 12h07

Falar a diferentes grupos reunidos (seja em entrevistas coletivas ou em auditórios) para defender que "a França está em guerra" tem sido uma das principais ocupações, nos últimos dias, do presidente francês. François Hollande deseja ver aprovadas na Assembleia Nacional as mudanças na Constituição que o governo propõe para combater "com mais eficiência" o terrorismo.

Hollande afirmou nesta quarta-feira (18), diante de dezenas de prefeitos reunidos em Paris, que o Estado Islâmico "é uma ameaça ao mundo inteiro" e que todo o poder do governo deve ser colocado na direção de proteger o povo francês dos terroristas.

O presidente pediu aos franceses que não cedam ao medo nem à tentação de revidar e elogiou a operação antiterrorista conduzida hoje em Saint-Denis, a norte de Paris, que "confirma mais uma vez que estamos em guerra, uma guerra contra o terrorismo, que decidiu fazer guerra contra nós".

Duas pessoas foram mortas e outras sete foram presas, suspeitas de ligações com os atentados que mataram 129 em Paris na última sexta-feira (13). Suas identidades ainda não foram reveladas.

"O Daesh [acrônimo árabe para o Estado Islâmico] quer destilar, através das próprias mortes, o veneno da suspeita, da estigmatização, da divisão", afirmou Hollande.

Cinco dias após os ataques, Hollande explicou quais são as medidas extraordinárias de segurança adotadas desde então e afirmou que negociará, nos próximos dias, com o presidente dos EUA, Barack Obama, e o da Rússia, Vladimir Putin, ações conjuntas de cooperação e inteligência contra o terrorismo. 

"Precisamos de uma estrutura legal robusta para confrontar as circunstâncias", defendeu o presidente. 

Hollande disse que decidiu reforçar, dentro das estratégias de segurança, o controle das fronteiras do país e aumentar a vigilância em territórios além-mar, o que poderá ser oficializado com a aprovação de um projeto de lei determinando também a ampliação por três meses do estado de emergência na França.

"Os terroristas roubam vidas inocentes e querem acabar com as nossas vidas. Digo claramente: a França permanecerá a mesma. Um país de liberdade de movimento e cultura, país ativo e dinâmico que não cede ao medo", afirmou Hollande.

O projeto de lei será debatido pelas duas casas do Parlamento amanhã e sexta-feira. Hoje, o porta-aviões francês Charles de Gaulle zarpou de Toulon, sudeste da França, rumo ao Mediterrâneo Oriental para participar na luta contra o grupo jihadista.

Em seu discurso, o francês pediu que a comunidade internacional deixe de lado possíveis interesses nacionais divergentes para participar de uma grande coalizão contra os jihadistas do Estado Islâmico.

Mudanças na Constituição

Mais cedo, o porta-voz do governo, Stéphanne Le Foll, havia dado alguns detalhes a jornalistas sobre a reunião entre o premiê Manuel Valls e outros ministros, na manhã desta quarta-feira, a respeito do projeto de lei que poderá dar mais poderes ao governo e autorizar ações de combate ao terrorismo sem a necessidade de pedir o consentimento do Parlamento.

São estes os pontos-chave do projeto:

  • a prorrogação do estado de urgência por três meses, como vem sendo defendido por Hollande desde o fim de semana;
  • modernização e ampliação do regime de prisão domiciliar a todas as pessoas contra as quais possam existir razões sérias para se acreditar que representam uma ameaça séria a ordem pública;
  • buscas e apreensões sem autorização de um juiz: poderão ser realizadas por órgãos administrativos, mas não poderão ter foco em parlamentares, advogados, magistrados e jornalistas. (com agências de notícias)