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Turquia defende direito de proteger suas fronteiras após caça russo ser derrubado

Sadettin Molla/Reuters
Imagem: Sadettin Molla/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/11/2015 16h52

O presidente turco, Tayyip Erdogan, defendeu nesta terça-feira (23) o direito da Turquia de proteger suas fronteiras após aviões de combate turcos derrubarem um jato perto da fronteira síria, um incidente que, segundo ele, a Turquia fez de tudo para evitar.

Apesar de ser advertido 10 vezes em cinco minutos porque ele estava vindo em direção à nossa fronteira, o avião insistiu em continuar a sua violação. Esse avião foi derrubado em uma intervenção por nossos caças F-16", disse Erdogan em discurso em Ancara, acrescentando as ações estavam em plena conformidade com as regras de engajamento da Turquia.

"A razão pela qual incidentes piores não ocorreram no passado em relação à Síria é a cabeça fria da Turquia. Ninguém deve duvidar de que nós fizemos nossos melhores esforços para evitar este último incidente. Mas todos devem respeitar o direito da Turquia de defender suas fronteiras", afirmou.

Erdogan também disse que a Turquia, juntamente com seus aliados, irá estabelecer em breve uma "zona de segurança humanitária" entre Jarablus, na Síria, e a costa do mar Mediterrâneo.

Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, apoiou a versão turca do incidente –de que o caça invadiu o espaço aéreo turco. Ele pediu que os dois países mantenham a calma diante do incidente e dialoguem para evitar que o aumento das tensões na região da fronteira síria.

Após reunião de emergência em Bruxelas, embaixadores da Otan pediram à Turquia para ter "cabeça fria", disseram diplomatas à agência de notícias Reuters. Nehum dos 28 embaixadores da Otan teriam defendido as ações da Rússia, mas muitos expressaram preocupação de que a Turquia não escoltou o avião de guerra russo para fora de seu espaço aéreo. "Há outras maneiras de lidar com incidentes desse tipo", disse um diplomata que não quis ser identificado.

Apoio dos EUA

presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta terça-feira (24) que a Turquia tem, como qualquer país, direito de defender o seu território e seu espaço aéreo durante comentário sobre o caça russo derrubado pela Força Aérea turca. Em entrevista concedida aos jornalistas ao lado do presidente francês, François Hollande, na Casa Branca, Obama pediu ainda que Ancara e Moscou conversem sobre o incidente para evitar uma nova escalada das tensões na região da fronteira síria.

"É importante que os dois países conversem e troquem informações para saber exatamente o que aconteceu", disse Obama, que confirmou que os EUA ainda estão recebendo informações sobre o incidente. Nesta terça, dois caças turcos derrubaram um avião russo na fronteira sírio-turca por ter violado o espaço aéreo da Turquia. O paradeiro dos dois pilotos russos é desconhecido.

Obama aproveitou para criticar as operações russas em território sírio. "Acredito que isto mostra um problema permanente nas operações russas na Síria, no sentido de que elas ocorrem muito perto da fronteira turca e têm como alvo a oposição moderada", afirmou o americano. "Se a Rússia direcionasse suas energias contra o Estado Islâmico, alguns destes conflitos ou potenciais erros ou a escalada de conflitos seriam menos prováveis de ocorrer."

Apelo da ONU

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, defendeu "medidas urgentes para acalmar as tensões" e pediu uma "revisão cuidadosa" do ocorrido para evitar incidentes similares. "O secretário-geral esteve acompanhando a situação e está seriamente preocupado pela derrubada do caça russo pela força aérea turca", disse seu porta-voz, Stéphane Dujarric, em entrevista coletiva.

"O secretário-geral exige que todas as partes relevantes tomem medidas urgentes para reduzir as tensões e espera que uma revisão rigorosa e cuidadosa do incidente esclareça os fatos e ajude a prevenir que isso não se repita", disse Dujarric.

Além de fazer todo o possível para que não ocorram incidentes deste tipo, a ONU ressaltou a necessidade de as potências que intervêm na Síria façam o mesmo para evitar "baixas civis".

A Turquia escreveu ao Conselho de Segurança da ONU e ao próprio Ban Ki-moon para dar sua versão do ocorrido com o caça russo, que segundo Ancara foi derrubado após invadir seu espaço aéreo e ignorar dez advertências em cinco minutos.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Turquia de ser "cúmplice do terrorismo" por atacar um avião que realizava uma missão na Síria contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI). (Com agências internacionais)