Sanders diz que Brasil e EUA devem se unir por defesa da democracia
Numa reunião realizada nesta quarta-feira em Washington com parlamentares brasileiros, o senador independente Bernie Sanders afirmou que Brasil e EUA têm uma responsabilidade na defesa da democracia no mundo.
O encontro, de cerca de 30 minutos, foi realizado durante a missão de parlamentares brasileiros que foram aos EUA na busca de apoio e cooperação com os americanos diante da ameaça da extrema direita.
O grupo é liderado pela senadora Eliziane Gama (PSD), relatora da CPI que examina o caso dos ataques golpistas em Brasília, além do senador Humberto Costa (PT) e dos deputados Pastor Henrique Vieira (PSOL), Rogério Correia (PT), Jandira Feghali (PCdoB) e Rafael Brito (MDB-AL). Também fará parte da delegação o diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sottili. O Washington Brazil Office também apoia a missão.
No encontro com Sanders, a senadora Eliziane afirmou que o grupo estava preocupado com a democracia no Brasil e nos EUA e que seria fundamental ouvi-foi. Na visão dos integrantes da missão, esse não era um problema nem dos americanos e nem dos brasileiros, mas um desafio mundial.
Numa fala intensa, Sanders afirmou que concordava com a avaliação dos brasileiros. Segundo pessoas que estavam no encontro, ele afirmou que a situação é "muito preocupante" e disse que Brasil e EUA "tem uma responsabilidade muito grande com a democracia nos seus respectivos países, mas também em todo o mundo".
"Esse é um problema internacional", disse o senador ao grupo brasileiro.
Nem direita, nem esquerda
Sanders insistiu que era importante deixar claro que a ofensiva pela democracia não significaria defender ou advogar em nome da direita ou esquerda. Na visão dele, na democracia, todos cabem.
Segundo ele, o que se precisa é deixar claro que o entendimento de democracia é do respeito pelas regras e pelos resultados eleitorais.
Sanders explicou que não se pode admitir que alguém, ao perder uma eleição, não consiga virar a página e se preparar para o próximo pleito.
Ele insistiu que, na democracia, a luta precisa ser contra quem desrespeita os resultados eleitorais, os acordos e legislação. Esse, segundo o senador, deve ser o ponto que une os diferentes grupos políticos.
Sottili, ao final do encontro, explicou que Sanders concordou com a preocupação da delegação brasileira e de que "temos de avançar para descobrir formas para defender a democracia".
"A avaliação foi positiva", completou Sotilli.
Durante a missão, parlamentares e representantes da sociedade civil estão propondo a criação de canais de troca de informações com congressistas americanos para permitir o fluxo de informação sobre movimentos antidemocráticos no Brasil e nos EUA.
Antes de Sanders, o grupo esteve com os congressistas americanos Susan Wild, Jim McGovern, Chuy Garcia e Greg Casar.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberA iniciativa ocorre num momento em que grupos pelo mundo se mobilizam para dar uma resposta ao avanço da extrema direita, com ramificações internacionais, financiamento e uma estratégia conjunta de poder.
Os brasileiros vão ainda sugerir o estabelecimento de uma cooperação para troca de experiências técnicas entre as comissões legislativas de investigação e outros instrumentos parlamentares que trabalham na defesa da democracia.
A viagem ainda servirá para que os parlamentares apresentem o trabalho da CPMI do 8 de janeiro e o panorama geral dos ataques à democracia no Brasil. Eles ainda buscarão um compromisso para que ocorra a troca de experiências sobre práticas legislativas relacionadas à defesa da democracia.
Nas reuniões, a meta é ainda a de explorar possíveis estratégias conjuntas para combater a disseminação de desinformação, além de estratégias conjuntas para enfrentar os desafios ligados à regulação do ambiente digital, especialmente no que está relacionado aos crimes contra o estado democrático de direito, a dignidade humana e os direitos fundamentais.
A pauta ainda será marcada pela defesa da participação da sociedade civil na luta pela preservação da democracia e dos direitos humanos.
Não se exclui a proposta de uma missão parlamentar com americanos e brasileiro à Europa em defesa da democracia.
A avaliação é de que alguns políticos de extrema-direita brasileiros, incluindo apoiadores e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, têm se envolvido em articulações internacionais. Eles estão ativos no continente americano e na Europa, buscando construir alianças e obter apoio para suas agendas políticas.
Isso ainda ocorre no mesmo momento em que alinham seus esforços para se apresentarem como defensores da liberdade de expressão, contestando ações democráticas e judiciais.
A participação de Elon Musk nessa articulação ainda é alvo de atenção por parte de governos em diferentes partes do mundo.
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A missão foi organizada pelo Instituto Vladimir Herzog e, segundo a entidade, tem como objetivo realizar um intercâmbio de práticas parlamentares na defesa da democracia, a partir das experiências das comissões parlamentares que investigaram os ataques antidemocráticos ocorridos em 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, e em 8 de janeiro de 2023, no Brasil.
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