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Casa Branca proíbe CNN, NYT e outros de participarem de entrevista coletiva diária

SAUL LOEB/AFP PHOTO
Imagem: SAUL LOEB/AFP PHOTO

Do UOL, em São Paulo

24/02/2017 16h48Atualizada em 24/02/2017 20h20

Veículos de imprensa como a rede de TV CNN, os jornais "The New York Times" e "Los Angeles Times", e os sites Buzzfeed e Politico foram impedidos de participar da entrevista coletiva diária realizada na Casa Branca pelo porta-voz de Donald Trump, Sean Spicer, nesta sexta-feira (24).

Os jornalistas presentes manifestaram indignação com a censura da Casa Branca. Em apoio aos jornalistas proibidos de acompanhar o evento, a agência de notícias Associated Press e a revista "Time" boicotaram a entrevista diária.

Entre a imprensa estrangeira, a repórter da BBC que cobre a Casa Branca, Tara McKelvey, relatou no Twitter que a equipe britânica também foi impedida de participar. A rede não se pronunciou oficialmente sobre a censura. O jornal britânico "The Guardian" também confirmou que foi vetado do evento.

Segundo o "NYT", assistentes de Spicer permitiram a entrada somente de repórteres de um grupo de organizações de notícias escolhidos a dedo. De acordo com a Casa Branca, os que tiveram permissão de acompanhar a entrevista diária foram previamente confirmados.

Entre os veículos permitidos estão o site de extrema direita Breitbart, do qual o estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, foi diretor, e o jornal "The Washington Times", de tendência conservadora. Jornalistas das redes ABC, CBS, do jornal "The Wall Street Journal", da Bloomberg e da Fox News também tiveram a entrada liberada.

"Nada como isto aconteceu na Casa Branca em nossa longa história cobrindo as várias administrações de diferentes partidos", disse Dean Baquet, editor-executivo do "NYT", em nota. "O livre acesso da mídia a um governo transparente é obviamente de crucial interesse nacional", ressaltou.

Em nota, a CNN afirmou que "este é um desenvolvimento inaceitável da Casa Branca de Trump. Aparentemente, esta é a forma como eles retaliam quando você relata fatos que eles não gostam. Vamos manter a cobertura jornalística independentemente disso".

Em comunicado, o "Wall Street Journal" afirmou que não sabia sobre as exclusões dos colegas e que "se soubéssemos naquele momento, não teríamos participado. E não participaremos de eventos fechados como este no futuro".

A Associação dos Correspondentes da Casa Branca, que representa o grupo que acompanha o noticiário diário do governo, condenou a medida. "A WHCA [na sigla em inglês] protesta fortemente contra a forma como o grupo foi tratado pela Casa Branca hoje", disse o presidente da associação, Jeff Mason, em nota.

"Encorajamos as organizações que foram autorizadas a compartilhar o material com os outros da imprensa que não foram. O conselho discutirá a medida com a equipe da Casa Branca."

O Comitê de Proteção aos Jornalistas afirmou que recebeu com preocupação a informação sobre o veto aos repórteres na Casa Branca. "Os EUA devem promover a liberdade de imprensa e o acesso à informação", disse o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon.

24.fev.2017 - Jornalistas deixam sala de coletivas depois que várias organizações foram excluídas de entrevista com o porta-voz Sean Spicer, na Casa Branca, em Washington - Yuri Gripas/Reuters - Yuri Gripas/Reuters
Jornalistas deixam sala de coletivas depois que várias organizações foram excluídas de entrevista com o porta-voz Sean Spicer, na Casa Branca
Imagem: Yuri Gripas/Reuters

"Ficou claro que eles deixaram entrar meios de comunicação com menor alcance mas que são amigáveis a Trump", disse Noah Bierman, repórter do "LA Times" que foi barrado. 

"Aparentemente, assim é como eles retaliam quando você reporta fatos de que eles não gostam", disse a CNN em nota. 

Ben Smith, editor-chefe do BuzzFeed, chamou a medida de "a tentativa da Casa Branca de punir os meios de comunicação de cuja cobertura não gosta". 

Ataques de Trump

O movimento da Casa Branca ocorreu horas depois de Trump atacar a imprensa em um discurso na Conferência de Ação Política Conservadora, uma organização que lhe deu uma de suas primeiras plataformas em sua jornada improvável rumo à Presidência dos EUA, para defender suas políticas da "América primeiro". O discurso lhe permitiu imprimir sua marca com firmeza no movimento político conservador.

Trump disse que os veículos são "desonestos", "inimigos do povo" e "divulgadores de notícias falsas". "Temos de lutar contra eles. Os veículos de imprensa são muito inteligentes, muito astutos e desonestos. Ficam irritados quando expomos suas notícias falsas", indicou o presidente no fórum, o mais importante do conservadorismo nos EUA.

"Eu amo a Primeira Emenda (da Constituição). Dá a todos o direito de dizer o que pensamos (...). Dá o direito de criticar notícias falsas. Muitos destes veículos são parte de grandes corporações midiáticas com seus próprios planos, e esses não são os planos do país", assegurou.

Trump retomou seus ataques à imprensa por publicar vazamentos internos de sua equipe citando a fontes anônimas dentro do governo. "Não têm fontes. Inventam", disse o presidente americano, que pediu à mídia que citem somente fontes com nome, e não anônimas, em suas histórias. (Com agências internacionais)