EUA e Reino Unido proíbem laptops e tablets em voos de países do Oriente Médio
Autoridades americanas e britânicas anunciaram nesta terça-feira (21) a proibição de computadores portáteis e tablets nos voos de várias companhias aéreas procedentes de aeroportos de diversos países do Oriente Médio, alegando o risco de atentados terroristas.
Inicialmente, responsáveis americanos informaram sobre a proibição nos voos com destino aos Estados Unidos de nove companhias aéreas procedentes de dez aeroportos de países, e mais tarde o governo britânico aderiu à medida, ativando esta proibição aos passageiros aéreos procedentes de seis países.
Companhias como Emirates ou Turkish Airlines, que operam voos diretos de Dubai ou Istambul para os Estados Unidos, têm 96 horas a partir desta terça-feira às 7H00 GMT (4H00 de Brasília) para proibir que seus passageiros embarquem com dispositivos eletrônicos maiores que um telefone celular.
Todos os dispositivos (laptops, tablets, consoles de jogos, livros eletrônicos, aparelhos de DVD, câmeras fotográficas, entre outros) devem ser incluídos na bagagem despachada nos aviões, informaram fontes do governo americano.
"O governo americano está preocupado com o interesse de terroristas em atacar a aviação comercial, incluindo centros de transporte aéreo nos últimos dois anos, como evidenciado pela derrubado de um avião no Egito em 2015; pela tentativa de derrubada de um avião na Somália em 2016; e pelos ataques armados contra os aeroportos de Bruxelas e de Istambul em 2016", afirmou o Departamento de Segurança Nacional em comunicado.
"Informações de inteligência avaliadas indicam que grupos terroristas continuam a ter como alvo a aviação comercial para contrabandear explosivos em vários itens de consumo."
A proibição de dispositivos eletrônicos maiores que um telefone celular estaria relacionada a uma ameaça do grupo Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), ativo no Iêmen, afirmou a rede de televisão CNN citando um responsável americano.
Um ex-funcionário da Administração de Segurança do Transporte (TSA, em inglês), Tom Blank, considerou que é "uma resposta a dados precisos de inteligência que foram apresentados às autoridades americanas", mas que estas medidas serão "muito provavelmente provisórias".
A medida implementada pelo governo americano deve afetar 50 voos diários de nove companhias (Royal Jordanian, EgyptAir, Turkish Airlines, Saudi Airlines, Kuwait Airways, Royal Air Maroc, Qatar Airways, Emirates e Etihad Airways) com decolagem de 10 aeroportos internacionais: Amã, Cairo, Istambul, Jidá, Riad, Kuwait, Doha, Dubai, Abu Dhabi e Casablanca.
No caso do Reino Unido, serão afetados os passageiros que voarem ao país a partir de Turquia, Líbano, Jordânia, Egito, Tunísia e Arábia Saudita.
Países aliados de Washington
No caso dos Estados Unidos, oito países são afetados, todos aliados ou sócios do país: Jordânia, Egito, Turquia, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Emirados Árabes Unidos e Marrocos.
"Consideramos que é o que deve ser feito e nos locais adequados para garantir a segurança dos viajantes", disse um funcionário de alto escalão do governo de Donald Trump.
A mesma fonte fez referência a "vários incidentes e atentados executados com êxito contra passageiros e aeroportos nos últimos anos".
Ele citou o ataque reivindicado em fevereiro de 2016 por islamitas somalis shebab, vinculados à Al Qaeda, em um Airbus A321 da Daallo Airlines com 74 pessoas a bordo. Quinze minutos depois da decolagem em Mogadíscio, um artefato explodiu e provocou um buraco de um metro de diâmetro na fuselagem, assim como a morte da pessoa que supostamente transportava a bomba.
Da oposição, o legislador democrata Adam Schiff, membro da Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes, manifestou seu "completo apoio" à proibição. "Estas medidas são necessárias e proporcionais à ameaça. Sabemos que organizações terroristas querem abater aeronaves", comentou em um comunicado.
As autoridades americanas informaram anteriormente os países e as companhias aéreas envolvidos.
De 25 de março a 14 de outubro
A grande companhia do Golfo, Emirates, disse que as restrições "entrarão em vigor no dia 25 de março e permanecerão válidas até 14 de outubro de 2017".
A Turkish Airlines publicou um comunicado no qual informa aos passageiros "que todo aparelho eletrônico ou elétrico de tamanho maior que um telefone celular ou smartphone (com exceção dos aparelhos médicos) não deve ser transportado a bordo de voos com destino aos Estados Unidos".
O governo turco, porém, reagiu após o anúncio americano e pediu a Washington que levante a proibição aos passageiros dos aviões da Turkish Airlines.
"Nossos camaradas começaram ontem (segunda-feira) a trabalhar com seus colegas sobre esta questão (...) Acreditamos que é necessário voltar atrás ou suavizar" a medida, disse o ministro turco do Transporte, Ahmet Arslan.
Os responsáveis americanos não deram nenhum prazo para a proibição na cabine dos dispositivos eletrônicos, mas advertiram que se as medidas não forem implementadas as companhias aéreas podem perder o direito de voar aos Estados Unidos.
Estas restrições são parte de um processo de intensificação dos controles nas fronteiras e, de modo mais geral, da política americana em termos de imigração desde que Donald Trump assumiu o poder.
O presidente republicano tenta impor uma proibição temporária de entrada nos Estados Unidos de todos os refugiados e de cidadãos de seis países de maioria muçulmanas. A medida foi estabelecida em um decreto que foi bloqueado duas vezes por juízes federais americanos.
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