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Deslizamentos de terra matam mais de 200 na Colômbia

1º.abr.2017 - Soldados carregam vítima de deslizamento em maca em Mocoa, na Colômbia - Colombian Army Photo via AP - Colombian Army Photo via AP
Soldados carregam vítima de deslizamento em maca em Mocoa
Imagem: Colombian Army Photo via AP

Do UOL, em São Paulo

01/04/2017 16h53

Subiu para mais de 200 o número de mortos em um deslizamento de terra no sul da Colômbia, que também deixou centenas de feridos e desaparecidos, informou neste sábado (1º) a Cruz Vermelha Colombiana (CRC).

"O último balanço é de 206 pessoas mortas, 202 feridos, 220 desaparecidos, 300 famílias afetadas, 17 bairros com danos maiores e 25 casas totalmente destruídas", disse à AFP César Urueña, diretor de Socorro da CRC, sobre a tragédia ocorrida na noite de sexta-feira no município de Mocoa.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, declarou estado de calamidade na cidade de Mocoa, capital do departamento do Putumayo. 

Mocoa, um município de 40.000 habitantes, está sem energia elétrica e água. As imagens divulgadas pelos socorristas são impactantes: ruas cobertas de terra, soldados carregando crianças, pessoas chorando, veículos destruídos e lixo nas ruas.

Imagem aérea do deslizamento de terra em Mocoa - Cesar Carrion/AFP/Presidencia Colombia - Cesar Carrion/AFP/Presidencia Colombia
Imagem aérea do deslizamento de terra em Mocoa
Imagem: Cesar Carrion/AFP/Presidencia Colombia

"Há muita gente nas ruas, muita gente prejudicada, muitas casas destruídas", descreveu à AFP por telefone Hernando Rodríguez, um aposentado de 69 anos.

Segundo este morador de Mocoa, "as pessoas não sabem o que fazer", porque "não havia preparação" para uma catástrofe assim.

"Apenas não estamos nos dando conta do que aconteceu", acrescentou.

1º.abr.2017 - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (centro), visita área afetada pelas chuvas em Mocoa, no departamento de Putumayo - Presidência da Colômbia/Cesar Carrión/AFP - Presidência da Colômbia/Cesar Carrión/AFP
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (centro), visita área afetada pelas chuvas em Mocoa
Imagem: Presidência da Colômbia/Cesar Carrión/AFP

"Vamos fazer um plano de ação com o médico Carlos Ivan Márquez (diretor-geral da União Nacional para a Gestão do Risco de Desastres, UNGRD), com o governo e todas as instituições que estão aqui presentes", disse Santos ao chegar a Mocoa para ver a situação pessoalmente.

A tragédia começou na noite de sexta-feira, quando uma forte chuva aumentou o nível dos rios Mocoa, Sangoyaco e Mulatos, cujos transbordamentos provocaram uma avalanche de água e pedras que levou tudo o que encontrou pelo caminho.

Ao ser informado, Santos viajou a Mocoa para supervisionar os trabalhos de resgate que estão a cargo das unidades militares nessa região.

Com a declaração do estado de calamidade será possível "atender da melhor forma possível esta situação", disse.

"Vamos fazer um plano de ação e iniciar todo o processo de ajuda humanitária, vamos atender os feridos, iniciar todo o processo fúnebre para atender a todas as pessoas falecidas e vamos também começar a restabelecer os serviços que foram suspensos", destacou Santos.

1º.abr.2017 - Soldado presta socorro a criança em local atingido por deslizamento de terra, em Mocoa, na Colômbia - Presidencia de Colombia/Xinhua - Presidencia de Colombia/Xinhua
Soldado presta socorro a criança em local atingido por deslizamento de terra, em Mocoa
Imagem: Presidencia de Colombia/Xinhua

A governadora de Putumayo, Sorrel Aroca, assinalou que se trata de uma tragédia sem precedentes. "Há centenas de famílias que ainda não encontramos, bairros desaparecidos", disse à W Radio.

Autoridades criaram uma sala de crises com a presença de autoridades locais, e mais de 100 pessoas, entre soldados, policiais e membros de órgãos de socorro, trabalham nas buscas por desaparecidos e na remoção dos destroços", disse Márquez.

A tragédia é de "grande dimensão", afirmou à AFP o diretor-geral de Emergência da Cruz Vermelha colombiana, César Urueña, ao reportar a "velocidade impressionante" com que aumenta o balanço de mortos e feridos.

"À noite, choveu 13 centímetros, comumente em um mês aqui chove 40 centímetros. O que isso quer dizer? Que 30% da chuva de um mês ocorreu nesta noite, e isso precipitou uma súbita cheia de vários rios [...] e isso causou uma avalanche", declarou Santos.

Urueña explicou que o afluente do rio se misturou com a terra e os "materiais" das ruas, como resíduos e lixo, e provocou o desastre.

A "onda de inverno" na América do Sul não afetou somente a Colômbia. O Peru vem enfrentando desde o início do ano chuvas e deslizamentos de terra que até o momento deixaram 101 mortos e mais de um milhão de afetados.

"Situação dramática"

"É uma tragédia sem precedentes, [há] centenas de famílias que ainda não encontramos, bairros desaparecidos", disse a governadora de Puntamayo, Sorrel Aroca, à W Radio.

As águas carregaram diversas casas, postes de eletricidade, veículos, árvores, e destruíram pelo menos duas pontes, acrescentou o Exército, cujos soldados apoiam os trabalhos de resgate e socorro.

"A situação de Mocoa é dramática. Pedimos a solidariedade de toda Colômbia", escreveu no Twitter o vice-ministro do Interior, Guillermo Rivera.

Segundo a Unidade Nacional para a Gestão do Risco de Desastres (UNGRD), há 300 famílias afetadas.

Uma sala de crise com autoridades locais, soldados, policiais e membros de organismos de socorro trabalha na busca de desaparecidos e na remoção do material, apontou à AFP Carlos Iván Márquez, diretor da UNGRD.

A entidade indicou em um comunicado que está mobilizando para o local mais de sete toneladas de equipamentos para o fornecimento de água, eletricidade e atendimento pré-hospitalar.

Um milhão de pessoas estão ajudando nos trabalhos de resgate.

Em nota, o governo brasileiro manifestou "profundo pesar pelas perdas humanas e materiais" provocadas pelas fortes chuvas na Colômbia e expressou sua solidariedade. (Com agências internacionais)