Trump diz que tem 'direito absoluto' de compartilhar informação com a Rússia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se defendeu nesta terça-feira (16) da acusação de repassar informações secretas para a Rússia alegando que tem o "direito absoluto" de compartilhar estes dados reservados de inteligência.
"Como presidente, quis compartilhar com a Rússia (em um evento aberto da Casa Branca), como é meu direito absoluto, fatos sobre terrorismo e segurança aeronáutica", disse Trump em seu perfil no Twitter.
Além disso, disse o presidente, queria que a "Rússia aumentasse de forma importante sua participação na luta contra o EI (Estado Islâmico) e o terrorismo".
A Rússia, por sua vez, diz que os relatos de que Trump revelou informações secretas são "falsos", segundo a agência de notícias Interfax, nesta terça-feira (16).
Já o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, afirmou nesta terça-feira que a questão da suposta divulgação por parte de Trump de segredos do Estado à Rússia não merece ser confirmada ou negada, classificando-a de "nonsense". "Para nós, isso não é uma questão, é nonsense", disse Peskov. "Não é uma questão que merece ser confirmada ou negada", acrescentou.
Segundo o jornal The Washington Post, Trump revelou informação altamente confidencial para o chanceler russo Sergei Lavrov e para o embaixador da Rússia nos Estados Unidos durante uma reunião recente na Casa Branca.
A informação fornecida por Trump diz respeito ao grupo Estado Islâmico (EI) e foi comunicada por um aliado dos Estados Unidos que não havia dado autorização a Washington para compartilhá-la com Moscou, segundo reportagem do jornal publicado na segunda-feira (15).
Trump "revelou mais informação ao embaixador russo do que a que compartilhamos com nossos próprios aliados", disse ao Post um funcionário de alto escalão do governo americano que pediu para não ser identificado.
Segundo a mesma fonte, essa informação tem um dos graus de classificação secreta mais elevados usados pelas agências de Inteligência americanas.
O jornal afirma que Trump "começou a descrever detalhes de uma ameaça terrorista do Estado Islâmico relacionada com o uso de computadores portáteis em aviões".
O Post acrescenta que decidiu não publicar mais detalhes sobre esse projeto terrorista, atendendo a um pedido expresso de funcionários da cúpula do governo americano.
Durante a reunião com o ministro Sergei Lavrov, Trump se gabou de ter acesso a dados muito precisos sobre essa ameaça.
"Tenho excelente informação. Tenho gente que me dá todos os dias excelente informação", disse Trump, segundo a fonte do Washington Post.
Em um comunicado emitido mais tarde pela Casa Branca, o novo conselheiro de Segurança Nacional, HR McMaster, que participou dessa reunião, afirmou que, "em nenhum momento se discutiu sobre fontes, ou métodos de Inteligência, e não foram reveladas operações militares que já não fossem de conhecimento público".
Na nota, McMaster relata que "o presidente e o ministro das Relações Exteriores repassaram as ameaças provenientes de organizações terroristas que incluem ameaças à aviação".
"A história que foi publicada hoje à noite é falsa (...). Eu estava no local. Isso não aconteceu", disse à imprensa o general H.R. McMaster, sem responder, de forma clara, se o presidente havia divulgado informação sigilosa.
Na quarta-feira passada (10), Trump recebeu o chanceler Lavrov e o embaixador russo em Washington, Sergei Kisliak, no Salão Oval da Casa Branca. Moscou divulgou apenas algumas fotos do encontro, que transcorreu a portas fechadas.
A reunião aconteceu um dia depois de o presidente demitir, de forma inesperada, o então diretor do FBI, James Comey, cuja equipe investigava a possibilidade de complô entre a campanha de Trump e os russos.
"Se for verdade, é, evidentemente, preocupante", afirmou o senador republicano John McCain à rede CNN, lacônico, preferindo ter mais informações antes de comentar o caso.
"Não há como saber o que disse, mas a proteção de segredos da nossa nação é crucial", afirmou Doug Andres, porta-voz do presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan.
O Washington Post lembra, porém, que o presidente americano dispõe de uma ampla margem de manobra para "desclassificar" documentos secretos, sendo, portanto, pouco provável que tenha violado a lei.
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