Jamil Chade

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Reportagem

Diante de ameaça de Trump, Brics volta a ser ampliado e Indonésia adere

O governo da Indonésia anunciou, nesta segunda-feira, que aceitou fazer parte do Brics, quase dois anos depois de ser convidada. O país asiático havia feito parte da expansão do bloco em 2023, ao lado de Irã, Arábia Saudita, Egito e outros. Mas, naquele momento, declinou a oferta.

Em 2025, o bloco é presidido pelo Brasil, que terá a missão de fazer avançar a agenda do Brics diante de uma ofensiva de Donald Trump contra qualquer questionamento da supremacia americana.

Fontes diplomáticas indicaram que a Indonésia foi alvo de uma intensa pressão e, internamente, não existia um consenso sobre o aderir ou não. Agora, com uma nova presidência, a Indonésia decidiu por se unir ao grupo.

Com a decisão, o bloco passa a ter onze membros oficiais, além de parceiros. Juntos, representam mais de 45% da economia mundial.

Em 2023, o então presidente da Indonésia, Joko Widodo, não disfarçava sua hesitação. Com Prabowo Subianto assumindo a presidência, o novo governo de Jacarta adotou uma postura diferente. Segundo ele, a participação da Indonésia não alinha o país a nenhum bloco específico, mas reflete um compromisso com uma política externa independente e ativa.

Além do Brics, a Indonésia busca uma adesão à OCDE, grupo conhecido por reunir as economias ocidentais.

Para diplomatas de países emergentes, a decisão da Indonésia fortalece o bloco, justamente num momento de ataques por parte do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. O americano chegou a ameaçar o bloco, caso haja um esforço por uma desdolarização. Segundo ele, tarifas de até 100% serão colocadas sobre os países que optarem por esse caminho.

Em Jacarta, o tema foi alvo de debate. "Embora estejamos confiantes na expansão de nossas relações diplomáticas, a presença da Indonésia no Brics pode ser considerada como um afastamento das relações comerciais tradicionais com os EUA e a União Europeia", disse Sumail Abdullah, um deputado do partido governista "

O Ministro das Relações Exteriores, Sugiono, defendeu sua decisão de se juntar ao BRICS, argumentando que há muitos benefícios em ser um membro.

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"Essencialmente, o BRICS é uma boa plataforma que podemos utilizar como nossa embarcação para discutir e levar adiante os interesses dos países em desenvolvimento. É também uma implementação de nossa política externa independente e ativa", disse ele aos legisladores no início de dezembro.

Num comunicado, o governo brasileiro "saúda o governo indonésio por seu ingresso no Brics. "Detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático, a Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, temas prioritários para a presidência brasileira do BRICS, que tem como lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", afirmou.

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