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Mais de 70 pessoas seguem desaparecidas após incêndio em Londres

Tolga Akmen/AFP
Imagem: Tolga Akmen/AFP

Do UOL, em São Paulo

16/06/2017 20h52

Autoridades estimam que mais de 70 pessoas estão desaparecidas desde que um incêndio destruiu um prédio residencial na cidade de Londres, no Reino Unido. Até agora, oficialmente o número de mortos chegou a 30, mas a polícia afirma que a estimativa é de que o número de vítimas aumente.

A polícia teme que o incêndio tenha sido tão intenso e devastador que algumas vítimas jamais poderão ser identificadas. Pelo menos 24 pessoas seguem hospitalizadas, 12 delas em estado crítico.

A polícia divulgou os números atualizados enquanto manifestantes protestavam pela resposta do governo ao incêndio de quarta-feira e pela falta de informação dada pelo governo.

Os manifestantes marcharam pela avenida Whitehall até a cerca que leva ao número 10 de Downing Street, escritório e residência oficial da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, mas não tiveram acesso à residência. "May tem que sair", "Justiça para Grenfell" e "Sangue em suas mãos" foram algumas das mensagens que os presentes entoaram enquanto eram observados por um cordão policial.

Paralelamente, dezenas de pessoas se reuniram em frente ao prédio Grenfell Tower para protestar pela resposta insuficiente dada pelo governo e pela Câmara Municipal de Kensington e Chelsea, que é responsável pela manutenção do edifício de 24 andares de propriedade pública. Eles chegaram a invadir a sede da Câmara de Kensington e Chelsea.

Os manifestantes reprovam a atitude de May em relação às vítimas. Em sua primeira visita ao local, na quinta, a premiê se reuniu apenas com integrantes dos serviços de emergência, para decepção de centenas dos atingidos pelo incêndio. May visitou nesta sexta alguns moradores do prédio que se refugiaram na igreja local de Saint Clement, mas voltou a evitar a multidão reunida na parte externa do templo, que a chamou de "covarde".

A primeira-ministra, que está em uma posição frágil após perder a maioria absoluta nas eleições de 8 de junho, anunciou hoje que 5 milhões de libras (5,7 milhões de euros) serão destinados para oferecer ajuda de emergência às vítimas do incêndio.

Revestimento barato e inflamável

O material usado para revistar a fachada do bloco de apartamentos que pegou fogo na quarta-feira em Londres, durante a reforma realizada em 2016 era a opção "mais barata e inflamável", segundo publica nesta sexta-feira o jornal "The Guardian".

A empresa Omnis Exteriors, fornecedora do composto de alumínio que foi usado para revestir o exterior do edifício de 24 andares, reconheceu ao jornal que foi pedida a opção mais econômica.

O diretor da companhia, John Cowley, disse ao "The Guardian" que foi encarregado um material chamado Reynobond PE, que é 2 libras mais barato por metro quadrado que o Reynobond FR, que é "resistente ao fogo ". "Fornecemos componentes para um sistema criado pela equipe de desenho e construção deste projeto", disse Cowley.

Segundo o jornal, Harley Facades é a empresa que instalou os painéis comprados da Omnis na torre Grenfell, onde na quarta-feira foi declarado um incêndio que se propagou rapidamente e calcinou o edifício, deixando pelo menos 30 mortos.

Rydon, a empresa de construção subcontratada pela Câmara municipal de Kensington e Chelsea para fazer as obras no edifício de propriedade municipal, assegurou que este "cumpria todos os padrões" de segurança.

A primeira-ministra britânica ordenou a abertura de um inquérito judicial, à margem da investigação policial, para estabelecer as causas e as responsabilidades nesta tragédia.

O prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, pediu a May a criação de um relatório preliminar sobre o fato para que os afetados não tenham que esperar muito para obter respostas, e também que atenda às necessidades dos sobreviventes.

Os residentes da torre Grenfell, situada no oeste de Londres , estavam há anos reclamando da segurança deficiente do edifício, construído em 1974, e da falta de medidas contra incêndios. 

Como outros blocos similares de Londres, esta torre foi construída originalmente para hospedar pessoas dependentes de proteção social, mas nos últimos anos, graças a uma mudança da lei, alguns apartamentos passaram a mãos privadas. (Com agências internacionais)