De hackers a adoção: quais temas podem esquentar o encontro entre Trump e Putin?
O primeiro encontro cara a cara do presidente dos EUA, Donald Trump, com o presidente russo, Vladimir Putin, na sexta-feira (7) terá grandes assuntos de intriga global, mas a Casa Branca diz que não há uma "agenda específica". E na ausência de tópicos, o que os dois líderes mais imprevisíveis do mundo irão discutir?
Trump pode estar buscando algumas concessões da Rússia para mostrar que ele está progredindo e ajudando a restaurar uma produtiva relação entre os dois países. Putin certamente quer algo em troca e existe uma longa lista de "problemas" entre os dois países que eles poderiam resolver.
Antes do encontro, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca e os funcionários do Departamento de Estado estão revisando possíveis gestos que os EUA poderiam oferecer à Rússia como uma parte da reunião, disseram um atual e um ex-funcionário do governo, que não foram autorizados a fazer qualquer comentário publicamente e solicitaram anonimato.
No entanto qualquer sinal externo de cordialidade entre Trump e Putin seria imediatamente aproveitado pelos críticos do presidente e as investigações sobre a interferência da Rússia nas eleições dos Estados Unidos não serão esquecidas por ninguém.
Os dois líderes se encontrarão na Cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha, e terão uma longa lista de assuntos que poderão ser abordados.
Interferências na eleição
Trump tem relutado em reconhecer publicamente a intromissão da Rússia na eleição dos EUA e essa é uma aparente preocupação, pois ela pode prejudicar a legitimidade de sua vitória.
Autoridades dos EUA disseram que a Rússia tentou hackear sistemas eleitorais em 21 Estados e influenciar as eleições para favorecer Trump, um nível de interferência do sistema político dos EUA que os especialistas em segurança dizem ser uma ameaça de alto nível que deve exigir uma resposta contundente dos EUA. Putin negou tudo isso.
Não existem indicações de que Trump planeja abordar a intromissão da Rússia na reunião. No entanto, se ele não fizer isso, ele irá alimentar os críticos que dizem que ele está ignorando uma grande ameaça à segurança nacional. Isso também poderia encorajar aqueles que dizem que Trump está tentando encobrir a Rússia depois de ter se beneficiado pelas interferências.
Irritações
Cada país tem uma longa lista de reclamações sobre o outro que não se elevam ao nível geopolítico, mas que ainda impedem tentativas mais amplas de coordenar ou cooperar em maiores preocupações. Depois do encontro em Moscou no começo deste ano, o secretário de Estado Rex Tillerson e o ministro russo das Relações Exteriores Sergei Lavrov entraram em acordo sobre criar um mecanismo para lidar com essas questões que os russos descrevem como "irritantes" e os americanos chamam de "pequenas".
Esses esforços de cooperação estão paralisados. Depois que os EUA impuseram novas sanções à Rússia no mês passado por sua intervenção na Ucrânia, Moscou pediu um segundo encontro entre Thomas Shannon, o subsecretário de Estado para questões políticas, Sergei Ryabkov, um antigo ministro russo do Exterior. Shannon e Ryabkov cancelaram o encontro, que aconteceria no dia 23 de junho.
Ainda não está claro se Trump ou Putin querem reabrir o canal de negociações quando se encontrarem em Hamburgo, durante o G20, embora o Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, e outros funcionários do Departamento de Estado tenham se esforçado para mostrar que eles permanecem abertos a uma retomada das negociações.
Lista de desejo russa
A Rússia tem destacado a demanda de seu chefe: o retorno de duas propriedades que possui nos EUA, que foram apreendidas pelo governo Obama como uma punição à sua intromissão nas eleições de 2016.
Na última segunda-feira, o conselheiro de assuntos externos de Putin, Yuri Ushakov, disse que a Rússia se conteve em retaliar a postura dos EUA, mas que a paciência estava acabando. Se os EUA não retornarem as propriedades, Moscou não terá outra escolha senão retaliar.
Outra demanda russa é reduzir a vigilância de seus diplomatas nos EUA.
Demandas dos EUA
A lista dos EUA inclui uma retomada das adoções de crianças russas por pais americanos que a Rússia proibiu no final de 2012. Uma resolução sobre uma disputa de um pedaço de terra em São Petersburgo, que deveria ser o local do novo consulado dos EUA. Além do interesse em querer expandir programas culturais e de intercâmbio entre os dois países. Esses programas foram reduzidos ou encerrados depois que Putin retornou ao Kremlin, em 2012, em uma eleição que ele acusa Washington de ter interferido.
Rex Tillerson tornou a questão da adoção uma prioridade, de acordo com seus assessores, embora ainda não esteja claro se ele convenceu os russos a considerarem uma revisão da proibição.
A disputa pela propriedade em São Petersburgo ocorre desde 2014 e foi uma resposta da Rússia às sanções impostas pelos EUA, após a anexação da região da Crimeia.
Sanções à Ucrânia
Moscou há muito tempo busca uma flexibilização das sanções econômicas que os EUA impuseram à Rússia sobre suas ações no leste da Ucrânia e a anexação da Crimeia. Embora existam indícios de que Trump aliviou as sanções no período de início de sua presidência, membros de sua administração insistiram para que elas continuem existindo até que a Rússia saia da Crimeia e aceite os acordos de cessar-fogo no leste da Ucrânia.
Uma vez que a Rússia não tomou nenhuma dessas medidas, aliviar as sanções exigiria um grande esforço de Trump e isso iria enfurecer os críticos da Rússia em ambos os partidos dos EUA.
Síria
Putin vem pressionando os EUA para uma cooperação militar com a Rússia na Síria. Moscou e Washington tem a mesma visão a respeito do grupo do Estado Islâmico, mas não tem a mesma opinião a respeito do presidente da Síria, Bashar al-Assad. Embora os dois países tenham ignorado a crise da Ucrânia para utilizarem seus exércitos na Síria, os dois estão tentando garantir que suas forças não colidam acidentalmente no campo de batalha sírio.
O Pentágono resistiu firmemente às propostas para trabalhar em estreita cooperação com a Rússia na Síria. Mas problemas ocorridos recentemente, como a derrubada de aviões do governo pró-sírio pelos EUA que levaram a Rússia a ameaçar abater qualquer avião que sobrevoe a Síria, indicaram que ainda falta um diálogo entre ambos países.
*Com informações da AP
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