Solitário e admirador do nazismo: quem é o homem que atropelou manifestantes nos EUA
Por volta das 10h30 deste sábado (12), James Alex Fields Jr., 20, foi fotografado no protesto de supremacistas brancos e nacionalistas em Charlottesville (Virgínia), com um grupo chamado "Vanguard America", que prega que os Estados Unidos são um país exclusivo de pessoas brancas. Ele vestia uma camisa e um escudo do grupo, óculos escuros e usava o cabelo penteado para o lado.
Cerca de três horas depois, ele pegaria seu Dodge Challenger e aceleraria rumo a uma multidão que fazia um contraprotesto antirracista, que seguia, naquele momento, de forma pacífica. Depois de acertar diversos manifestantes, matando Heather Heyer, de 32 anos, e ferindo outras 19 pessoas, Fields deu marcha a ré.
Preso logo após o atropelamento, Fields está detido sem direito a condicional e sob a acusação de assassinato em segundo grau -quando há intenção de matar, mas sem planejamento prévio, segundo a legislação americana- e outras queixas, como não ter prestado socorro às vítimas.
Segundo familiares e um professor do acusado ouvidos pela imprensa norte-americana, Fields é um jovem quieto, solitário e que já mostrava admiração pelo nazismo.
Solitário e sem amigos
Nascido em Kenton, no Kentucky, Fields não chegou a conhecer o seu pai, morto em um acidente causado por um motorista embriagado, segundo um tio do jovem ouvido pelo jornal "The Washington Post". Ele foi criado sozinho por sua mãe, Samantha Bloom, com quem morou até o começo desse ano em Maumee, Ohio.
Bloom afirmou que ele tinha avisado que iria a um protesto, mas não que se tratava de brancos supremacistas. "Pensei que tinha algo a ver com Trump. Trump não é um supremacista", disse ela, em vídeo publicado pela NBC News, afirmando que não discutia com o filho seus pontos de vista.
O familiar ouvido pelo "Washington Post" disse que via muito pouco o sobrinho, que não parecia "muito amigável", se mostrando quieto, relato similar ao de Pam Fields, tia do acusado, que foi ouvida pelo "New York Times".
Um amigo e ex-vizinho da família no Kentucky disse ao "New York Times" que ele era muito fechado e tinha dificuldade para fazer amigos. Segundo ele, a mãe "sofreu muito" com Fields durante sua adolescência, mas que ele parecia ter melhorado no fim do período escolar. "Ela sempre tentou fazer o melhor pelo filho", disse o amigo.
Segundo o "NYT", James Fields ingressou no Exército em agosto de 2015, quando completou 18 anos, mas deixou o serviço militar quatro meses depois por razões desconhecidas.
Admirador de Hitler
Ao "Washington Post", Derek Weimer, professor de história de Fields em uma escola de segundo grau no Kentucky, afirmou que o jovem fez uma pesquisa profunda sobre o Exército nazista na Segunda Guerra Mundial para entregar um trabalho em uma aula sobre as guerras envolvendo os Estados Unidos em tempos recentes.
"Era óbvio que ele tinha uma fascinação com o nazismo e uma grande idolatria por Adolf Hitler. Ele tinha visões de supremacia branca e realmente acreditava nisso." Segundo ele, o trabalho estava bem escrito, mas parecia uma grande adoração dos militares alemães.
O professor afirmou que tentou afastar o aluno dessa ideologia ao destacar os fatos históricos, e não opiniões sobre o nazismo. "Era algo que crescia nele. Admito que falhei. Tentei o meu melhor. Mas é um momento que nos ensina, algo que precisamos ficar alertas, porque isso está destruindo nosso país."
No protesto de sábado, Fields se juntou ao "Vanguard America", que procurou se afastar do acusado. "O motorista do carro que atingiu os manifestantes não era, de maneira nenhuma, membro do Vanguard America. Todos os nossos membros foram removidos de forma segura, sem enfrentar prisões ou queixas."
O grupo disse, no Twitter, que o fato de Fields usar um escudo do "Vanguard America" não o caracteriza como membro. "Os escudos eram entregues a qualquer um do público que quisesse".
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