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Odebrecht pode derrubar presidente do Peru e ameaça outros líderes da América Latina

Kuczynski é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina e pode ser deposto - Cris Bouroncle/AFP
Kuczynski é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina e pode ser deposto Imagem: Cris Bouroncle/AFP

Do UOL*, em São Paulo

21/12/2017 04h00

O Congresso peruano votará nesta quinta-feira (20) se destitui ou não o presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski suspeito de corrupção. PPK, como é conhecido o mandatário, é acusado de receber propina para favorecer a empreiteira brasileira Odebrecht quando atuava como ministro --entre 2004 e 2006.

Se aprovado pela maioria do parlamento, Kuczynski deixará o cargo pouco mais de um ano após tomar posse e uma semana após as acusações virem à tona. A deposição tem cenário favorável, pois a oposição representa hoje a maioria do Parlamento peruano, que é unicameral.

A votação desta quinta-feira é uma consequência da Operação Lava Jato na América Latina. A investigação chegou até agora a 12 países da região e mais de 70 autoridades políticas ou pessoas próximas.

Em alguns casos, como no México e Venezuela, o governo local tem colocado panos quentes, dificultando o avanço das investigações. Se impedido, Kuczynski será a maior autoridade até agora atingida pelos desdobramentos da operação brasileira.

Caso PPK seja afastado pela suspeita de receber US$ 5 milhões por intermédio de consultorias, assumirá o poder o primeiro vice-presidente --há dois no país, que são pressionados a renunciarem do cargo para abrir caminho a novas eleições.

Uma possibilidade de pleito no Peru não torna o futuro mais certo: é também acusada de receber propina a líder da oposição Keiko Fujimori, além de dois ex-presidentes do país, Ollanta Humala (2011-2016) e Alejandro Toledo (2001-2006). 

Vizinhos no vórtice do escândalo Odebrecht

Vice-presidente do Equador, Jorge Glas - RODRIGO BUENDIA/AFP - RODRIGO BUENDIA/AFP
O vice-presidente do Equador, Jorge Glas
Imagem: RODRIGO BUENDIA/AFP

Equador

O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, foi condenado em outubro a seis anos de prisão, acusado de receber US$ 13,5 milhões em propina. Ainda que preso, Glas segue no cargo e aguarda o desfecho de um processo de impeachment que deve ser concluído apenas em 2018.

Colômbia

Os pagamentos de propinas feitos pela Odebrecht no país chegam a US$ 40 milhões. O dinheiro teria sido pago para que a empresa pudesse realizar obras que são investigadas por descumprirem licenças ambientais.

Entre as 11 pessoas já presas, está o ex-ministro de Transportes, Gabriel Garcia Morales. São também investigadas as campanhas do atual presidente Juan Manuel Santos e de seu rival Ivan Zuluaga - ambas acusadas de receber propinas da empreiteira.

Panamá

No país, foi criada uma procuradoria especializada para investigar o caso. Até agora, foram abertos mais de 20 processos e 17 pessoas foram formalmente acusadas - algumas delas relacionadas ao governo do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014), incluindo dois filhos e dois ministros.

8.jun.2013 - O então presidente do Panamá Ricardo Martinelli - Carlos Garcia Rawlins/ Reutesr - Carlos Garcia Rawlins/ Reutesr
O ex-presidente do Panamá, Ricardo Martinelli
Imagem: Carlos Garcia Rawlins/ Reutesr

República Dominicana

O país caribenho fechou um acordo de delação premiada com Brasil, Suíça e Estados Unidos para dar sequência às investigações. Como consequência, já foram presos no país o ministro de Indústria e Comércio, Juan Temístocles Montás, o ex-ministro de Obras Públicas, Victor Díaz Rúa e o ex-deputado Ruddy González, entre outros.

Guatemala

A investigação de pagamentos de propina na Guatemala se estende por mais de dez anos e ganhou reforço com as delações da Lava Jato. As suspeitas envolvem o ex-ministro de Comunicações, Infraestrutura e Moradia Alejandro Sinibaldi, atualmente foragido devido a outra investigação.

(*Com agências internacionais)