Odebrecht pode derrubar presidente do Peru e ameaça outros líderes da América Latina
O Congresso peruano votará nesta quinta-feira (20) se destitui ou não o presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski suspeito de corrupção. PPK, como é conhecido o mandatário, é acusado de receber propina para favorecer a empreiteira brasileira Odebrecht quando atuava como ministro --entre 2004 e 2006.
Se aprovado pela maioria do parlamento, Kuczynski deixará o cargo pouco mais de um ano após tomar posse e uma semana após as acusações virem à tona. A deposição tem cenário favorável, pois a oposição representa hoje a maioria do Parlamento peruano, que é unicameral.
A votação desta quinta-feira é uma consequência da Operação Lava Jato na América Latina. A investigação chegou até agora a 12 países da região e mais de 70 autoridades políticas ou pessoas próximas.
Em alguns casos, como no México e Venezuela, o governo local tem colocado panos quentes, dificultando o avanço das investigações. Se impedido, Kuczynski será a maior autoridade até agora atingida pelos desdobramentos da operação brasileira.
Caso PPK seja afastado pela suspeita de receber US$ 5 milhões por intermédio de consultorias, assumirá o poder o primeiro vice-presidente --há dois no país, que são pressionados a renunciarem do cargo para abrir caminho a novas eleições.
Uma possibilidade de pleito no Peru não torna o futuro mais certo: é também acusada de receber propina a líder da oposição Keiko Fujimori, além de dois ex-presidentes do país, Ollanta Humala (2011-2016) e Alejandro Toledo (2001-2006).
Vizinhos no vórtice do escândalo Odebrecht
Equador
O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, foi condenado em outubro a seis anos de prisão, acusado de receber US$ 13,5 milhões em propina. Ainda que preso, Glas segue no cargo e aguarda o desfecho de um processo de impeachment que deve ser concluído apenas em 2018.
Colômbia
Os pagamentos de propinas feitos pela Odebrecht no país chegam a US$ 40 milhões. O dinheiro teria sido pago para que a empresa pudesse realizar obras que são investigadas por descumprirem licenças ambientais.
Entre as 11 pessoas já presas, está o ex-ministro de Transportes, Gabriel Garcia Morales. São também investigadas as campanhas do atual presidente Juan Manuel Santos e de seu rival Ivan Zuluaga - ambas acusadas de receber propinas da empreiteira.
Panamá
No país, foi criada uma procuradoria especializada para investigar o caso. Até agora, foram abertos mais de 20 processos e 17 pessoas foram formalmente acusadas - algumas delas relacionadas ao governo do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014), incluindo dois filhos e dois ministros.
República Dominicana
O país caribenho fechou um acordo de delação premiada com Brasil, Suíça e Estados Unidos para dar sequência às investigações. Como consequência, já foram presos no país o ministro de Indústria e Comércio, Juan Temístocles Montás, o ex-ministro de Obras Públicas, Victor Díaz Rúa e o ex-deputado Ruddy González, entre outros.
Guatemala
A investigação de pagamentos de propina na Guatemala se estende por mais de dez anos e ganhou reforço com as delações da Lava Jato. As suspeitas envolvem o ex-ministro de Comunicações, Infraestrutura e Moradia Alejandro Sinibaldi, atualmente foragido devido a outra investigação.
(*Com agências internacionais)
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