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Cansados de trabalhar, sul-coreanos pagam R$ 1.500 para relaxar em "cadeia"

Celas são pequenas e contam com poucas coisas como em uma cadeia real - Divulgação
Celas são pequenas e contam com poucas coisas como em uma cadeia real Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

16/02/2018 18h18

Os trabalhadores sul-coreanos estão entre os que cumprem a maior carga horária no mundo. De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), estão apenas atrás do México e trabalham 2.069 horas por ano.

As corriqueiras jornadas diárias de 14 horas e seis dias de trabalho por semana criaram uma população estressada. Por isso, alguns sul-coreanos estão buscando uma alternativa inusitada para relaxar. Algumas pessoas gastam cerca de R$ 1.500 para passar uma semana em uma cadeia. Ou quase isso.

Segundo o canal de TV canadense CBC, o centro de meditação “A Prisão Dentro de Mim”, nas montanhas nevadas de Hongcheon, oferece, como “quarto” uma cela de cinco metros quadrados.

Os hóspedes precisam deixar o celular de lado durante toda a estadia, se vestem com um uniforme azul e dormem no chão. Além disso, comem apenas mingau de arroz, colocado por um funcionário em uma abertura na cela. A rotina de presídio, no entanto, é considerada relaxante. 

O engenheiro Suk-won Kang, de 57 anos, passou uma semana no local. Ele estava trabalhando 70 horas por semana e queria se livrar da vida estressante que levava.

“Estou trabalhando muito. Esta é a razão principal de ter vindo aqui. Hoje, estou mais relaxado. Minha mente está leve”, afirmou à CBC após uma semana no local. Foi a terceira vez que Kang se “internou” no centro.

28 celas com botão de pânico

A “Prisão Dentro de Mim” abriu em 2008 e já recebeu todo tipo de profissional como hóspede. As 28 celas do local são idênticas e contam com uma janela, chão aquecido, uma mesa pequena, um kit para chá, um tapete de ioga e um botão de pânico.

As portas são fechadas por fora, mas os hóspedes aprendem a abri-las quando querem. Os hóspedes dizem que a falta de conforto do centro auxilia na cura espiritual. Segundo a co-fundadora do local, Ji-hyang Noh, o confinamento em solitárias não é uma prisão.

“A verdadeira prisão é o mundo lá fora”, afirmou. O complexo foi ideia de seu marido, Yong-Seok Kwon, um promotor que trabalhava cem horas por semana e estava ficando doente por ser workaholic.

O centro é gerido por uma ONG chamada “Fábrica de Felicidade” e não tem a intenção de gerar lucros.