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Pai de Kim Jong-un em "passaporte brasileiro" tem relação com prostituição

Cópia de passaporte brasileiro que seria usado pelo líder norte-coreano Kim Jong-un - Reuters
Cópia de passaporte brasileiro que seria usado pelo líder norte-coreano Kim Jong-un Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

28/02/2018 13h09

Josef Pwag seria brasileiro natural de São Paulo, filho de Ricardo Pwag e Marcela Pwag Joon. Isso é o que está no passaporte brasileiro que o líder norte-coreano Kim Jong-un teria usado de forma fraudulenta para conseguir vistos para outros países na década de 1990, segundo reportagem da agência de notícias Reuters. No entanto, nem todos os dados do passaporte seriam totalmente falsos. O nome Ricardo Pwag já apareceu como membro do círculo próximo de Kim Jong-il, antecessor e pai do atual ditador da Coreia do Norte.

Ricardo Pwag seria Pak Yong-mu, que teria a função de conseguir prostitutas para "Kim e sua família", segundo o livro "North Korea under Kim Chong-il - Power, Politics and Prospects for Change" ("Coreia do Norte sob Kim Jong-il - Poder, Política e Perspectivas de Mudança", em tradução livre), de Ken E. Gause.

No livro, Gause afirma que Kim Jong-il tinha um estilo peculiar de liderança e de processo de lidar com as questões diárias. Jong-il agia em dois níveis. Em questões burocráticas formais, ele mantinha um círculo de auxiliares políticos próximos. No entanto, ele também criou um sistema informal auxiliar que circundava a cadeia de comando de modo a obter informações que não conseguiria de outra forma.

Além disso, ele mantinha uma equipe pessoal que, segundo Gause, tinha a função de "conduzir numerosas operações 'especiais', no país e no exterior". É neste grupo que estaria Pak Yong-mu.

ricardo pwag - Reprodução - Reprodução
Página do livro "North Korea under Kim Chong-il - Power, Politics and Prospects for Change" com citação a "Ricardo Pwag"
Imagem: Reprodução

Nesse mesmo grupo estariam o intérprete de japonês, Hwang Ho-nam, um conselheiro de longa data chamado Yom Ki-sun e o secretário pessoal Kim Kang-chol. Seriam todos de grande confiança de Kim Jong-il. Kang Sang-chun, diretor do secretariado pessoal, por exemplo, foi colega de universidade do ditador.

Gause, que é diretor da CNA, uma organização norte-americana de pesquisa e análise, não traz mais detalhes sobre Yong-mu.

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Em registros oficiais do governo norte-coreano, o nome Pak Yong-mu aparece duas vezes. Em uma delas, ele é identificado como um professor da artes cinematográficas e dramáticas da Universidade de Pyongyang que teria feito uma declaração crítica ao presidente dos EUA, Donald Trump, em setembro do 2017, época em que o americano e Kim Jong-un intensificaram a guerra verbal em meio aos testes de mísseis do país asiático.

Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, Trump usou palavras dramáticas, afirmando que o "pequeno Homem-Foguete" estava numa "missão suicida". Em seguida ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte, caso ela não cedesse. Kim respondeu dois dias depois, chamando Trump de "mentalmente perturbado” e prometendo "amansá-lo" com fogo.

Capa do livro - Reprodução - Reprodução
Capa do livro "North Korea under Kim Chong-il"
Imagem: Reprodução

Em sua declaração, Yong-mu diz que a valentia de Trump "é algo pobre que provoca risos" e chama os EUA de "um ser infantil e irreflexivo".

Outra menção a Yong-mu se refere a um prêmio concedido em 2011 de "Herói do Trabalho", segundo a KCNA, a agência oficial norte-coreana. No entanto, não é possível verificar a veracidade das informações ou se se trata da mesma pessoa citada no livro de Gause.

Segundo a Reuters, os dois passaportes brasileiros com 10 anos de validade contêm um carimbo dizendo "Embaixada do Brasil em Praga" com data de expedição de 26 de fevereiro de 1996. As fontes de segurança disseram que a tecnologia de reconhecimento facial confirmou que as fotos são de Kim Jong-un e seu pai.

O passaporte com a foto de Jong-un foi emitido em nome de Josef Pwag, com data de nascimento de 1 de fevereiro de 1983.

O passaporte de Jong-il foi emitido no nome de Ijong Tchoi com data de nascimento de 4 de abril de 1940. Jong-il morreu em 2011. Sua verdadeira data de nascimento era em 1941.

Ambos os passaportes exibem como local de nascimento dos portadores a cidade de São Paulo.