Coreia do Norte aceita discutir a manutenção de seu programa nuclear, diz Seul
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul realizarão sua primeira cúpula em mais de uma década no final de abril, diz o gabinete presidencial sul-coreano nesta terça-feira (6), depois que uma delegação do país retornou de uma visita à Coreia do Norte em que encontrou o líder norte-coreano, Kim Jong-un. A Coreia do Norte disse que irá suspender os testes nucleares e de mísseis durante o diálogo intercoreano. Pyongyang disse ainda que não há necessidade de manter seu programa nuclear desde que não haja nenhuma ameaça militar e que a segurança de seu regime esteja garantida, disse o chefe da delegação, Chung Eui-yong, em entrevista a imprensa.
A Coreia do Norte também disse estar aberta a conversar com os Estados Unidos sobre desnuclearização e para normalizar relações bilaterais, disse Chung.
As duas Coreias também concordaram com a abertura de uma linha de comunicação direta entre seus dois dirigentes. A reunião acontecerá na localidade de Panmunjom, na zona desmilitarizada que separa a Coreia do Norte da Coreia do Sul, afirmou Chung Eui-yong, que é assessor para Segurança do presidente sul-coreano Moon Jae-in.
O encontro será precedido por uma conversa telefônica entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, acrescentou.
A reunião de cúpula será a terceira do tipo após o resultado da "política do Sol" de 2000 a 2007. Segundo o conselheiro Chung Eui-yong, o encontro será organizado na área de segurança conjunta da vila fronteiriça de Panmunjom.
Durante a primeira visita de funcionários de alto escalão desde 2007, Jong-un recebeu uma carta enviada pelo presidente sul-coreano. "Ao escutar sobre a intenção de Moon Jae-in de realizar uma cúpula, trocou pontos de vista e chegou a um acordo satisfatório", informou a estatal norte-coreana.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, reuniu-se e ofereceu, na segunda-feira (5), um jantar aos enviados da Coreia do Sul, ao lado de sua mulher e da sua irmã, em um encontro que durou mais de quatro horas e onde os dois países ficaram ainda mais perto da realização de uma cúpula.
O encontro na sede do Partido dos Trabalhadores, que foi a primeira vez que representantes do governo sul-coreano visitavam o local, foi avaliado pelos dois países como "satisfatório" e que representa um outro passo na aproximação entre as duas Coreias, iniciadas no começo do ano.
Kim Jong-un recebeu a comitiva de Seul, liderada por Chung Eui-yong, chefe do escritório presidencial de Segurança Nacional, poucas horas depois da sua chegada a Pyongyang e o encontro durou mais de quatro horas, segundo disse nesta terça um porta-voz do escritório presidencial sul-coreano.
No jantar, do qual participaram Chung e o resto de delegados escolhidos pelo presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, entre eles o diretor do Serviço Nacional de Inteligência (NIS), Suh Hoon, o líder norte-coreano esteve acompanhado pela sua mulher, Ri Sol-ju, e a sua irmã, Kim Yo-jong, e segundo destacou hoje a agência estatal de notícias "KCNA", aconteceu em um ambiente "cordial" e "fraternal".
Yo-jong também esteve presente durante a reunião prévia ao jantar, onde, segundo os veículos de imprensa norte-coreanos, Kim e a missão sul-coreana chegaram a um acordo "satisfatório" para realizar uma cúpula intercoreana e exploraram formas de aliviar as tensões militares entre as duas Coreias e impulsionar o diálogo e a cooperação.
Por sua vez, um porta-voz de Seul afirmou que a visita concluída hoje "não tinha decepcionado", aguardando que os membros da delegação ofereçam realizem uma entrevista coletiva quando desembarcarem na capital sul-coreana, às 18h (horário local, 6h de Brasília).
O encontro entre o líder norte-coreano e a delegação de Seul foi amplamente coberto pela mídia oficial de Pyongyang, como o "Rodong Sinmun", que publicou a capa completa da reunião e ilustrou a informação com aproximadamente dez fotografias.
Um porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul disse que não é comum essa cobertura da impressa e "parece indicar que a Coreia do Norte deu importância para a visita".
A visita, a primeira em mais de 10 anos de uma delegação sul-coreana de alto nível para a Coreia do Norte, responde a viagem histórica que realizou em fevereiro à Coreia do Sul, a irmã do líder norte-coreano por causa dos Jogos Olímpicos de Inverno, ocasião onde Moon Jae-in foi convidado para realizar em breve uma cúpula intercoreana de líderes.
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