Topo

Chanceler relativiza perda de direitos da OMC e vê mudança como positiva

O ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante entrevista - Ricardo Moraes/Reuters
O ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante entrevista Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Luciana Amaral

Do UOL, em Washington

19/03/2019 21h35

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, relativizou hoje a perda de direitos do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) para obter o apoio formal dos Estados Unidos à entrada na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e vê a mudança como positiva.

"Não seria uma perda da OMC. Ao contrário, seria o Brasil sentar na mesa que vai aparentemente decidir como vai ser a reforma da OMC. Então, seria mais OMC. De uma outra maneira, de maneira mais realista de trabalhar, mais produtiva", defendeu.

A OMC vem sofrendo tentativas de reformas em seu modo de funcionamento e, em reunião concomitante ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no fim de janeiro, ficou decidido que o Brasil será responsável por coordenar o comitê de reformas em medidas sanitárias e fitossanitárias. Outras áreas que deverão ser revisitadas incluem barreiras técnicas, comércio de serviços e regras de origem.

Em troca do apoio dos Estados Unidos para entrar na OCDE, o Brasil deverá abandonar a reivindicação histórica de ser tratado como um país em desenvolvimento na OMC. Nas negociações futuras, aceitará os mesmos padrões de exigências, os mesmos cortes de tarifas e os mesmos compromissos que economias como a da Suíça, Finlândia, Canadá, Alemanha ou EUA.

Isso sem garantias de que a entrada se efetivará. Os americanos declararam apoio à entrada da Argentina em abril do ano passado e, até agora, o país vizinho não integra o chamado "clube dos ricos".

Ernesto Araújo ressaltou que o Brasil já está revendo seus posicionamentos na OMC junto às transformações da instituição. Portanto, o impacto não seria tão forte.

"Já estamos mudando muito nosso posicionamento [na OMC]. [...] A OMC é que está mudando, na verdade, e nós temos de acompanhar. Queremos estudar mais [as reformas na OMC]. Quer dizer, achamos interessante, mas tem de ver no detalhe", afirmou.

Segundo o ministro durante entrevista nos jardins da Casa Branca, somente o reforço americano no pedido de entrada do Brasil na OCDE vai abrir portas para novos investimentos por ser um "sinal excelente" para o mercado.

Para o chanceler, o balanço dos resultados atingidos a partir do apoio formal do Estados Unidos é que tem de ser analisado. "Não é que uma coisa é trocada pela outra. Você pega aquele conjunto e vê o balanço", disse.