Irmãos brasileiros devem ficar mais 24 h à deriva em veleiro no Pacífico
Dois irmãos de Ubatuba (SP) que estão à deriva na Polinésia Francesa, no Oceano Pacífico, ainda devem ficar mais pelo menos 24 horas em alto-mar, vivendo o que chamaram de "pesadelo" nas redes sociais. O leme do barco quebrou e, por causa das condições do tempo, ainda não foi possível trocar pelo reserva.
Nesta quinta-feira (4), Lucas, de 23, e Neto, 26, passavam pela região do atol de Fakarava, declarado pela Unesco patrimônio mundial das reservas naturais da biosfera, onde as águas são habitadas por tubarões. Nas últimas horas os ventos baixaram para 75 km/h e ondas de quatro metros de altura, uma situação ainda de risco, segundo o pai deles, que também é velejador.
Pouco antes da meia-noite, a dupla fez mais uma postagem no perfil em que relatam a viagem no Instagram --eles têm acesso à internet graças a um sistema especial de telefonia para alto mar.
Na mensagem, dizem que nas últimas horas se abraçaram e choraram de tristeza, relatam piora no tempo e a chegada de uma tempestade. "Ficamos sentados no chão da cozinha, calados, por uns dez minutos. As ondas lá fora explodindo na costa do do veleiro, nós à deriva, sem rumo...Não estávamos acreditando que a qualquer momento iríamos acordar e tudo aquilo teria sido apenas um simples pesadelo."
Os dois estão navegando em baixa velocidade, a cerca de 2,6 km/h, para evitar que o veleiro se choque contra ilhas, o que poderia causar mais estragos na embarcação. Para impedir que o veleiro ganhe velocidade eles amarraram almofadas, travesseiros, mochilas e outros objetos no cabo da âncora.
Sem o leme, a dupla não consegue controlar o barco. De ontem para hoje, Lucas e Neto enfrentaram ventos de até 110 km/h, ondas de mais de cinco metros de altura, frio e tempestade.
Os dois irmãos saíram de Ubatuba em março do ano passado em uma expedição para dar a volta ao mundo até 2021. Em outubro do ano passado eles fizeram um vídeo em que responderam a perguntas de internautas. A primeira foi sobre o maior medo que haviam sentido até aquele momento da expedição. Os dois disseram que foi quando chegaram à ilha de Trinidad e Tobago, no mar do Caribe, onde pegaram muito vento, onda e correnteza.
Como foi o acidente
O acidente com o leme aconteceu nesta quarta (3), quando eles estavam a 16 quilômetros da costa, onde ancorariam em cerca de duas horas. Foi quando sentiram um forte tranco no veleiro e ouviram um estrondo. Chovia e fazia muito frio. "Estamos sem leme", gritou Neto para o irmão, segundo a primeira postagem após o acidente, feita em uma rede social acompanhada por mais de 71 mil pessoas.
O post foi intitulado de "Pesadelo". No texto, a dupla diz que cogitava até abandonar o veleiro para salvar suas vidas. "É difícil dizer mas estamos preparados para abandonar o barco e salvar o que temos de mais precioso: nossas vidas".
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