"Retórica arrogante", responde embaixada brasileira sobre invadir Amazônia
O ministro-conselheiro da embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster, rebateu em carta esta noite um artigo do professor Stephen M. Walt, da Universidade de Harvard, publicado ontem inicialmente com o título "Quem vai invadir o Brasil para salvar a Amazônia?".
Forster, que chegou a ser cotado para assumir como embaixador nos EUA, chamou o texto publicado na revista Foreign Policy de "exercício irresponsável de retórica arrogante sobre um assunto sério".
"O principal sofisma contido no artigo é que o Brasil não está disposto ou não é capaz de preservar e desenvolver de forma sustentável a Amazônia, e que estados não identificados seriam capazes de fazê-lo. É um exercício irresponsável de retórica arrogante sobre um assunto sério", critica Forster na carta.
O diplomata segue, afirmando que "a maior floresta tropical do mundo não está localizada no Brasil por acaso. O governo brasileiro tem sido o principal defensor da conservação no mundo, fato que é apoiado por números, não por uma retórica vazia".
Forster também fala em "desrespeito" e "falta de conscientização quanto à posição do Brasil em questões ambientais".
"Simplificando, nenhum outro país tem restrições legais mais rigorosas para o desmatamento. As Forças Armadas brasileiras, internacionalmente reconhecidas como excepcionais, também estão totalmente engajadas no esforço de preservar e proteger a floresta tropical", afirma a carta.
Forster teve o nome preterido para a embaixada do Brasil em Washington depois de que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu indicar o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo. O pedido já foi encaminhado ao governo americano.
O diplomata foi quem apresentou o atual ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ao escritor Olavo de Carvalho, de quem é amigo de longa data. Chegou a ser considerado para o posto de chefe de gabinete do chanceler no Itamaraty, mas seu nome não foi confirmado.
Repercussão
A publicação provocou uma série de críticas ao autor e contra a publicação, e o título do artigo foi alterado no decorrer do dia para "Quem vai salvar a Amazônia (e como)?".
Walt, o próprio autor do texto, chegou a afirmar no Twitter que a primeira versão do título não tinha sido feita por ele.
"Na minha coluna mais recente, tento pensar se os estados poderiam tentar coagir outros a proteger os recursos críticos que controlam (como a floresta tropical). Importante ler o artigo (que eu escrevi), e não apenas a manchete (o que eu não fiz)", disse o autor.
"Espero que os brasileiros patriotas incomodados com o meu texto leiam com atenção, para ver que eu NÃO estava recomendando a coerção/uso da força contra o Brasil 'agora ou no futuro'. Também não estava absolvendo os EUA e outros de sua responsabilidade pela mudança climática", destacou o professor.
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