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Bolsonaro estuda convocar embaixador brasileiro na França para consulta

O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (MRE)  - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (MRE) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Hanrrikson de Andrade e Talita Marchao*

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

24/08/2019 14h30Atualizada em 24/08/2019 15h43

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse hoje que estuda a possibilidade de convocar o embaixador brasileiro na França, Luís Fernando Serra, para conversar a respeito dos incêndios na Amazônia e do desgaste diplomático na relação entre os dois países.

Bolsonaro disse ter consultado o ministro das Relações Exteriores, o chanceler Ernesto Araújo, para verificar se seria correto ou não convocar o embaixador. "A gente está analisando", disse.

A convocação de um embaixador para consultas não significa um rompimento de relações diplomáticas entre os dois países, e sim um momento de tensão e insatisfação do governo que chama o representante diplomático de volta ao país, deixando a missão diplomática sem um representante temporariamente.

Insatisfeito com o governo brasileiro, o presidente francês, Emmanuel Macron, tem feito críticas duras ao governo Bolsonaro e iniciou uma mobilização junto a outros líderes europeus na tentativa de pressionar o Brasil a tomar medidas mais efetivas no combate às queimadas.

No fim do mês passado, Bolsonaro cancelou em cima da hora um encontro com o chanceler da França, Jean-Yves Le Drian, em Brasília, por problemas de agenda. No horário previsto para a reunião, o presidente transmitiu o seu corte de cabelos no Facebook.

O presidente também foi questionado se aceitaria conversar com Macron e, ao responder, sinalizou ter ficado magoado depois que o líder francês o acusou de mentir durante reunião do G20.

"Depois de tudo o que ele falou ao meu respeito acha que vou ligar para ele?", retrucou. "Não tem condições. Se bem que eu estou sendo educado. Se ele ligar, eu atendo. Estou sendo extremamente educado com ele para ele me chamar de mentiroso", disse o presidente.

Bolsonaro não detalhou que tipo de ajuda os EUA podem dar ao Brasil, mas lembrou dos incêndios que ocorrem na Califórnia, causando uma catástrofe. "Com o poderio que os EUA têm, eles têm dificuldade de combater incêndio, imagina aqui". E ressaltou que se o Brasil precisar, terá ajuda americana.

Ao deixar o Palácio da Alvorada na tarde de hoje, Bolsonaro conversou com os jornalistas que o aguardavam na portaria e voltou a minimizar o impacto dos incêndios na Amazônia. Segundo ele, a média das queimadas estaria abaixo dos últimos anos. "Está indo para a normalidade essa questão."

Até 19 de agosto deste ano, o Brasil registrou 72,8 mil focos de incêndio, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa um aumento de 83% em relação ao mesmo período do ano passado.

No mesmo dia em que tentou demonstrar otimismo frente ao problema, as Forças Armadas anunciaram o seu plano estratégico em cumprimento a decreto de GLO (Garantia da Lei da Ordem), publicado ontem pelo governo. O dispositivo permite que os militares realizem ações de emergência.

"A floresta não está pegando fogo, como o pessoal está dizendo. O fogo é onde o pessoal desmata", minimizou Bolsonaro.

Com Estadão Conteúdo

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