Por vaga na ONU, Brasil silencia sobre candidatura da Venezuela, diz HRW
Resumo da notícia
- O Brasil faz vistas grossas à candidatura da Venezuela a uma vaga na ONU
- Venezuela e Brasil querem um lugar no Conselho de Direitos Humanos
- O Brasil não se oporia à Venezuela para não comprometer a própria vaga
Para garantir sua recondução a uma das vaga no Conselho de Direitos Humanos, o Brasil faz vista grossa à candidatura da Venezuela para a outra vaga disponível no mesmo conselho, contrariando o discurso presidencial de oposição ao governo de Nicolás Maduro. Amanhã, a ONU escolherá os novos ocupantes para as vagas, consideradas das mais importantes da Organização das Nações Unidas.
De acordo com o presidente da HRW (Human Rights Watch), Kenneth Roth, os países democráticos precisam impedir que o "governo ditatorial da Venezuela" ocupe uma das vagas no Conselho de Direitos Humanos. Acontece que apenas Brasil —que já ocupa uma cadeira— e Venezuela se candidataram aos dois postos disponíveis. Diante da iminência da escolha venezuelana, a Costa Rica lançou sua candidatura.
"A Costa Rica seria a única maneira de evitar que a Venezuela tenha uma vaga, mas o governo Bolsonaro não entendeu assim", afirmou Roth, em entrevista coletiva em São Paulo.
Ontem, ele se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e cobrou um posicionamento. "Mesmo fazendo oposição à Venezuela, o Brasil está disposto a não contestar, porque, assim, o Brasil ganharia automaticamente sua vaga."
Roth teria questionado sobre "essa posição indefensável". Segundo o presidente da HRW, Araújo se comprometeu a votar contra a Venezuela e a favor da Costa Rica. "Mas hoje é o último dia que ele pode fazer essa retificação. Araújo deveria dizer algo esta manhã, mas não disse nada até agora."
Para o chefe da HRW, "a verdadeira pergunta" é: "Será que o governo Bolsonaro está amaciando sua relação com a Venezuela para manter sua vaga no Conselho? Espero que ele não tenha feito esse pacto com o diabo."
Campanha contra o Brasil na ONU
Nos últimos dias, entidades de direitos humanos têm unido forças para fazer uma campanha contra a eleição do Brasil na ONU. O argumento de mais de 150 organizações é de que, sob Bolsonaro, o Brasil não teria legitimidade para falar sobre o tema.
Mas a proposta de troca de votos com a França e as práticas do governo nos bastidores revelariam que a eleição não leva em consideração assuntos de direitos humanos, mas sim política e acordos.
A prática não é nova. Todos os governos brasileiros, no passado, recorreram a acordos para conseguir os votos suficientes.
Na avaliação de especialistas, está no momento de a ONU estabelecer critérios técnicos para uma candidatura ao Conselho de Direitos Humanos. Os mais céticos a essa ideia alertam que, se aplicado um critério de direitos humanos, poucos seriam os países com a legitimidade de fazer parte do órgão máximo da ONU nesse setor.
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