Justiça italiana inocenta família que guardou mulher mumificada por 17 anos

A Corte de Apelação de Turim (Itália) anunciou hoje a inocência de dois homens e uma mulher que eram acusados de homicídio e ocultação de cadáver. Com um detalhe: o corpo da suposta vítima, Graziella Giraudo, permaneceu escondido por quase duas décadas, em processo de mumificação, dentro de uma casa.

Graziella tinha fama de curandeira na cidade de Borgo San Dalmazzo (a 660 km ao noroeste de Roma) quando se separou do marido, Aldo, em 1992. Na ocasião, decidiu ir morar com a sogra, Rosa Giraudo. Em seu novo endereço, afastou-se de demais familiares, embora seguisse recebendo visitantes que procuravam orações em bênçãos - sem qualquer pagamento em troca.

Em 1996, porém, Graziella desapareceu repentinamente, de acordo com parte da família que tentava contato com Rosa. Conhecidos diziam que a mulher havia partido para uma viagem, sem detalhes. O mistério durou por anos, até a morte de Rosa em 2013.

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Quando autoridades foram ao endereço, descobriram o corpo de Graziella mumificado. Ela estava trancada em um pequeno armário, sentada em uma poltrona, com a mão direita levantada em posição de bênção. Segundo o jornal Corriere della Sera, estava "vestida e perfeitamente conservada". Uma autópsia apontou a data da morte como 26 ou 27 de abril daquele ano.

Ninguém comunicou às autoridades a morte da mulher, que teria ocorrido provavelmente em decorrência de causas naturais. Porém, segundo relatos da imprensa, Rosa e um grupo reduzido de familiares mantiveram o corpo sob cuidados entre 1996 e 2013 na esperança de que Graziella ressuscitasse - o que só veio à tona após a morte de Rosa.

Em primeira instância, o Tribunal de Saluzzo (comarca a 40 km de Borgo San Dalmazzo) condenou Aldo (ex-marido de Graziella) e Alfio Pepino (filho) em 2015 a um ano de prisão. Elda Allinio, irmã do genro de Graziella, foi considerada cúmplice e recebeu uma pena de quatro meses de cadeia.

No julgamento de hoje, em segunda instância, o pedido do advogado de defesa de Aldo e Alfio, Michele Forneris, foi acatado pelo tribunal. Elda Allinio, representada por Adalberto Pasi, também foi inocentada. Segundo o representante legal de pai e filho, a Justiça reconheceu a morte de Graziella como natural, desconsiderando o período de guarda do corpo mumificado.

"Será necessário ler as motivações da sentença", disse, segundo o site La Voce di Alba. "Enquanto isso, a natureza instantânea do crime foi reconhecida. Isso significa que tudo o que aconteceu após a morte da mulher foi considerado irrelevante", acrescentou.