Preocupação é com a vida de Morales e dirigentes bolivianos, diz Mercadante
Resumo da notícia
- Aloizio Mercadante (PT) disse que a preocupação é com a integridade do ex-presidente Evo Morales e de seu vice-presidente, Álvaro García Linera
- Morales renunciou ao cargo hoje, após semanas dos distúrbios que sucederam as eleições presidenciais
- Houve ataques à casa de uma irmã de Evo Morales e às residências de políticos ligados ao governo do ex-presidente
- Para Mercadante, houve "um golpe de Estado, não há outro termo"
O ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT) disse hoje que a preocupação de momento é com a integridade do ex-presidente boliviano Evo Morales e de seu vice-presidente, Álvaro García Linera, que renunciaram hoje com outros dirigentes bolivianos.
"Nossa preocupação neste momento é com a vida de Evo, a integridade física dele e dos seus familiares, do vice-presidente Álvaro [García] Linera, dos dirigentes e não dirigentes, das pessoas da Bolívia", afirmou Mercadante, que está em Buenos Aires, onde participou da reunião do Grupo de Puebla, que acabou hoje.
Violência e pedidos de asilo
Nos últimos dias, houve ataques à casa de uma irmã de Evo Morales e às residências de políticos ligados ao governo do ex-presidente.
Mercadante disse ter informação de que ele "está protegido na Bolívia". "Até o momento, a informação que eu tenho é que ele não saiu da Bolívia, está protegido e nós estamos vendo as alternativas", declarou ao lado de outros líderes do grupo.
"Temos que preservar sua vida. É evidente que ele [Evo Morales], Álvaro [Linera] e muitos dirigentes, locais e militantes estão ameaçados", afirmou Mercadante.
"Entraram na casa, por exemplo, de governadores, 600 pessoas, quebraram tudo, levaram o irmão, incendiaram. Aquela prefeita, todo mundo viu o que aconteceu, cortaram o cabelo [dela], jogaram tinta, humilharam, bateram", ressaltou o petista.
"É um golpe de Estado, não há outro termo. É uma ruptura com a Constituição, com a democracia, com o voto popular e abre um precedente de instabilidade e incerteza. Se querem ganhar de Evo, que ganhem as eleições", disse o ex-ministro. "As coisas não terminam bem com esse método de violência, intransigência e ruptura democrática."
"Vários dirigentes já pediram asilo", comentou Mercadante. "Alguns países têm sido completamente generosos e liberaram direito de asilo para quem necessitar. Está todo mundo estarrecido com o que está acontecendo", acrescentou.
Comunicado do Grupo de Puebla
Os líderes do Grupo de Puebla, que na declaração final afirmavam apoiar a convocação de novas eleições por Morales, emitiram um novo comunicado à noite no qual exigem "respeito pela integridade física de todo e qualquer membro do governo, autoridades locais, militantes, líderes sociais e suas famílias". "A violência à qual muitos já foram submetidos é inaceitável", diz o documento.
No comunicado do grupo, os líderes esquerdistas listam "eventos graves" que ocorreram no país "para realizar um golpe de Estado e forçar a renúncia do presidente Evo Morales e seu vice-presidente Álvaro García-Linera, eleito legal e democraticamente" e dizem que todas as tentativas de diálogo e negociação foram rejeitadas, inclusive a convocação de novas eleições.
"A oposição optou por intransigência, radicalização e ruptura democrática, abrindo um sério precedente para um novo golpe na longa história de interrupções democráticas no país", afirma o comunicado, que exige que os organismos internacionais de direitos humanos "garantam o esclarecimento dos atos de violência cometidos, o julgamento e punição dos responsáveis e a restauração da ordem, paz, vida social e democracia na Bolívia".
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