Tumulto em funeral de Suleimani deixa mortos no Irã
Resumo da notícia
- Multidão participou de funeral do general iraniano morto pelos EUA
- Enterro chegou a ser adiado devido ao tumulto que já deixou mais de 50 mortos
- Dia foi marcado por novas ameaças de autoridades do Irã contra os EUA
- Este é o 5º dia de troca de hostilidades entre líderes norte-americanos e iranianos
Milhares de pessoas se reuniram hoje para o funeral do general iraniano Qassim Suleimani na cidade iraniana de Kerman, sua terra natal. Um tumulto durante o cortejo de Suleimani, vítima de um ataque coordenado pelos Estados Unidos no Iraque, deixou vários mortos e chegou a interromper o funeral.
O caixão com corpo de Suleimeni foi levado para uma área de mártires do cemitério de Kerman e os preparativos para o enterro foram retomados no início da tarde (horário de Brasília), segundo informações divulgadas pela rede de notícias estatal ISNA.
De acordo com a agência Associated Press, citando a TV estatal do Irã, 56 pessoas foram mortas no tumulto e 213 ficaram feridas. Segundo a CNN, citando a IRINN (agência estatal iraniana de notícias), entre os mortos estão 35 homens e 21 mulheres. Entre os feridos, 67 ainda estão hospitalizados.
O diretor da Organização de Emergências, Pir Hosein Kolivand explicou que a tragédia foi causada por uma aglomeração no funeral e que os hospitais da região já estavam em alerta. Os feridos, entre eles quatro crianças, foram levados para diferentes unidades de atendimento.
O hospital Shahid Bahonar, referência em traumas em Kerman, recebeu a maioria das vítimas. Segundo informações da ISNA, a maioria das vítimas fatais morreu por sufocamento. Os feridos apresentam fraturas no crânio e nos ossos.
O presidente do Irã, Hassan Rouhanu pediu que seu vice e o ministro da Saúde, Said Namaki, "concentrassem todos os esforços para atender aos feridos e aos familiares das vítimas" e lamentou o ocorrido em um comunicado divulgado pela ISNA.
"A massiva presença do povo iraniano ao funeral e celebração do grande comandante do Irã, general Shahid Qassim Suleimani, foi uma manifestação de gratidão. Infelizmente, alguns compatriotas perderam suas vidas devido ao excesso de pessoas. (...) Envio minhas condolências aos familiares das vítimas, aos devotos de Deus e àqueles que foram mártires de seu mártir", diz o comunicado.
Cortejo internacional
O corpo de Suleimani foi levado do Iraque para outras cidades iranianas antes de chegar a Kerman para ser enterrado. Ontem, uma procissão em Teerã também reuniu milhares de pessoas, lotando as principais vias da cidade. O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, chorou enquanto liderava as orações fúnebres em frente à Universidade de Teerã.
Autoridades iranianas lamentaram a morte do general e voltaram e prometer uma resposta ao ataque dizendo que "será Deus quem realmente se vingará dos Estados Unidos".
No funeral, Zeinab Suleimani também voltou a cobrar uma resposta à morte do pai. Ela declarou que "o martírio de (seu) pai levará a um auge de resistência e fará Estados Unidos e Israel tremerem" e que "o ataque dos norte-americanos levará "dias escuros aos Estados Unidos".
Comandante da Força Qods da Guarda Revolucionária, responsável pelas operações da República Islâmica no exterior, Suleimani tinha 62 anos e era uma das pessoas mais populares do Irã e um temido adversário dos Estados Unidos e de seus aliados.
Irã x EUA
O ataque aéreo americano que matou o general iraniano Qassem Suleimani elevou a tensão entre os dois países e desencadeou uma série de troca de ameaças que chegou hoje ao quinto dia consecutivo.
Semana passada, autoridades iranianas prometeram vingança logo após o assassinato. Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou uma "grande retaliação" se o Irã, de fato, revidar. E, em meio a incertezas envolvendo as tropas americanas que se encontram no Iraque, país vizinho ao Irã, o chanceler iraniano defendeu, em discurso hoje, a expulsão dos Estados Unidos do sudoeste asiático.
"Vingança implacável"
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, falou em vingança ao comentar a morte de Suleimani.
"Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou Khamenei em sua conta no Twitter, em persa, idioma do Irã.
O Conselho Supremo de Segurança Nacional, principal órgão de segurança do Irã, afirmou que os Estados Unidos serão responsabilizados pelas consequências do assassinato de Suleimani. O órgão classificou a ação como uma "aventura criminosa" e declarou que ela foi o "pior erro" do governo norte-americano na região.
Trump fala em "grande retaliação"
Após as afirmações de vingança, Trump prometeu uma "grande retaliação" se o Irã revidar o assassinato de Suleimani. No Twitter, Trump disse que, em caso de agressão, "eles [o Irã] serão atacados como nunca foram antes".
"Os Estados Unidos acabaram de gastar 2 trilhões de dólares em equipamento militar. Somos os maiores e de longe os MELHORES do mundo! Se o Irã atacar uma base americana, ou qualquer americano, enviaremos alguns desses novos equipamentos a eles ... e sem hesitação!", escreveu Trump.
The United States just spent Two Trillion Dollars on Military Equipment. We are the biggest and by far the BEST in the World! If Iran attacks an American Base, or any American, we will be sending some of that brand new beautiful equipment their way...and without hesitation!
-- Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 5, 2020
Tropas americanas no Iraque
As tropas americanas que se encontram no Iraque, país vizinho ao Irã, também são centro de polêmica e incertezas.
O Parlamento iraquiano aprovou uma resolução pedindo ao governo que expulse as tropas americanas que estão no país desde 2014, no combate ao grupo extremista Estado Islâmico. Cerca de 5.000 militares dos Estados Unidos se encontram hoje em território iraquiano.
A moção aprovada não obriga o governo a cumprir a decisão, mas é o que deve acontecer uma vez que o pedido foi feito pelo primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi.
Em resposta, Trump disse que irá impor ao Iraque "sanções como eles nunca viram" caso o país decida, de fato, expulsar as tropas norte-americanas.
Forças Armadas dos EUA são 'terroristas', declara Parlamento do Irã
Ainda em resposta ao assassinato de Suleimani, parlamentares iranianos aprovaram uma lei declarando as Forças Armadas dos Estados Unidos como "terroristas".
Na mesma sessão, o Parlamento aprovou um aporte de aproximadamente R$ 910 milhões para as Forças Quds, que Suleimani chefiou antes de sua morte.
Chanceler do Irã fala em expulsar EUA da Ásia ocidental
Em meio à escalada de tensão, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, defendeu em um discurso a expulsão dos Estados Unidos da Ásia ocidental, segundo a agência ISNA.
"A expulsão final dos EUA da Ásia Ocidental é o destino condenado da exploração desenfreada de Washington das ferramentas de guerra, sanções e assassinato. Os EUA receberão a resposta definitiva e resoluta ao seu ultrajante ato criminoso em um local e no momento em que mais dói", declarou o chanceler.
A Ásia ocidental inclui países como Arábia Saudita, Armênia, Irã, Iraque, Israel, Emirados Árabes Unidos e Síria.
*Inclui redação de Ana Carla Bermúdez e Andrea Martins, do UOL, em São Paulo
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