Iranianos pedem renúncia de Khamenei após Irã admitir derrubada de avião
Manifestantes iranianos pediram a renúncia do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, neste sábado, depois que o governo do Irã afirmou que suas Forças Armadas derrubaram por engano um avião ucraniano, matando todas as 176 pessoas a bordo.
"Comandante-em-chefe (Khamenei) renuncie, renuncie", gritavam centenas de pessoas, de acordo com vídeos publicados no Twitter, em frente à universidade Amir Kabir, em Teerã, publicou a agência Reuters.
Homenagem virou protesto
Citando a agência France Presse, a RFI disse que centenas de estudantes se reuniram no início da noite na frente da universidade Amir Kabir para homenagear as 176 vítimas do voo da Ukraine Airlines International e a manifestação se transformou em um protesto contra os responsáveis pela tragédia e contra os líderes do atual regime.
Os estudantes gritavam slogans acusando de "mentirosos" e "assassinos" os responsáveis pelo drama e exigiam punição aos que tentaram encobrir a verdade. A polícia iraniana tentou dispersar os protestos.
Na manhã deste sábado, o Irã reconheceu ter abatido "por engano" com a ajuda de um míssil o voo PS752 da companhia aérea ucraniana logo depois de sua decolagem, na quarta-feira.
Embaixador britânico detido
Segundo agências iranianas, o embaixador britânico em Teerã foi detido por algumas horas por ter feito fotos e vídeos dos protestos.
A agência de notícias iraniana Fars, em um raro relato sobre protestos contra o governo, disse que manifestantes cantaram frases contra as autoridades do país em Teerã neste sábado.
A reportagem da Fars disse que os manifestantes que foram às ruas também arrancaram imagens de Qassem Soleimani, o comandante da importante Força Quds, da Guarda Revolucionária, que foi morto em um ataque de drone dos Estados Unidos.
A agência, amplamente vista como próxima à Guarda, publicou fotografias das manifestações e um cartaz destruído de Soleimani. Segundo a Fars, cerca de 700 a 1.000 pessoas participaram do protesto.
Trump quer observadores internacionais
Em um tuíte escrito em persa, o presidente norte-americano Donald Trump aproveitou a onda de protestos para oferecer solidariedade ao povo iraniano. "Eu estive ao lado de vocês desde o começo da minha presidência, e a minha administração continuará ao seu lado", tuitou Trump.
Ele disse que os manifestantes são inspiradores e pediu que observadores internacionais sejam autorizados a entrar no Irã para verificar, in loco, os protestos.
Em dezembro, a Anistia Internacional acusou o governo iraniano de ter matado mais de 300 pessoas ao reprimir protestos ocorridos no país em novembro de 2019.
* Com agências internacionais
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