Estudo chinês diz que ar-condicionado pode espalhar coronavírus
Um novo estudo feito por cientistas chineses mostra que a ventilação realizada por aparelhos de ar-condicionado pode contribuir para espalhar o coronavírus. Os pesquisadores analisaram o caso de três famílias que frequentaram, no mesmo dia, um restaurante com ar-condicionado na cidade de Guangzhou, na China. Delas, 10 pessoas ficaram doentes com a covid-19.
"O fator chave para a infecção foi a direção do fluxo do ar", escreveram os pesquisadores em um artigo publicado no periódico Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Os pesquisadores explicam que a primeira pessoa infectada viajou de Wuhan, epicentro do coronavírus na China, a Guangzhou no dia 23 de janeiro. No dia seguinte, ele almoçou com três membros da família no restaurante. Duas outras famílias se sentaram nas mesas vizinhas no mesmo restaurante.
Mais tarde naquele dia, o primeiro paciente apresentou febre e tosse e foi ao hospital. Já no dia 5 de fevereiro, outras 9 pessoas estavam com a covid-19: quatro da primeira família, três da segunda e dois da terceira.
Edifício sem janelas e com um ar-condicionado por andar
Segundo os pesquisadores, a única fonte conhecida de exposição para as pessoas da segunda e da terceira família que foram infectadas foi o primeiro paciente. Eles destacam que o restaurante funciona em um edifício de 5 andares sem janelas e com um aparelho de ar-condicionado por andar.
No terceiro andar, onde as famílias estiveram, o espaço é de 145 m² e a distância entre cada mesa é de cerca de 1 metro. A primeira e a segunda famílias permaneceram no local ao mesmo tempo por 53 minutos. Já a primeira e a terceira famílias estiveram no restaurante simultaneamente por 73 minutos.
Outros 73 clientes estiveram no referido andar e não apresentaram sintomas. Apesar disso, foram identificados como contatos próximos e colocados em quarentena.
No estudo, os pesquisadores afirmam que a transmissão do vírus neste caso específico não pode ser explicada apenas pela transmissão de gotículas. Isso porque elas permanecem no ar por um curto período de tempo e viajam apenas distâncias pequenas, de menos de um metro. As distâncias entre o primeiro paciente e as pessoas das outras mesas, eles apontam, eram maiores do que um metro.
"Um fluxo de ar forte do ar-condicionado pode ter propagado gotículas", escrevem. Os pesquisadores afirmam ainda que as gotículas podem ficar no ar por mais tempo quando potencializadas pelos aerossóis, mas que "os aerossóis tendem a seguir o fluxo de ar, e as concentrações mais baixas de aerossóis a distâncias maiores podem ter sido insuficientes para causar infecção em outras partes do restaurante".
Para evitar a propagação da covid-19, os pesquisadores recomendam que restaurantes fortaleçam a vigilância da temperatura ambiente, aumentem a distância entre as mesas e melhorem a ventilação.
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