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Queixa de Tara Reade contra Biden não cita explicitamente abuso sexual

Pré-candidato presidencial democrata Joe Biden na Filadélfia - BRENDAN MCDERMID
Pré-candidato presidencial democrata Joe Biden na Filadélfia Imagem: BRENDAN MCDERMID

Do UOL*, em São Paulo

02/05/2020 16h39

A queixa feita em 1993 pela ex-funcionária do Senado americano Tara Reade contra o ex-vice-presidente e atual presidenciável Joe Biden não traz a acusação explícita de abuso sexual, revelou hoje a agência Associated Press.

Em nova entrevista à agência, Reade disse que se sentiu apavorada de acusá-lo na época de abuso sexual. "Lembro-me de ter falado sobre ele querer que eu servisse bebidas porque ele gostava das minhas pernas e achava que eu era bonita e isso me deixou desconfortável", disse. "Eu sei que estava com muito medo de escrever sobre abuso sexual".

"A palavra principal que usei - e sei que não usei assédio sexual - usei 'desconfortável'. E eu me lembro de 'retaliação'".

Ela descreveu a queixa à AP depois que a agência reviveu entrevistas e transcrições antigas da ex-funcionária nas quais ela dizia ter se acovardado após procurar o escritório de aconselhamento do Senado. Nas entrevistas à agência no ano passado, ela cita toques desconfortáveis e inapropriados do então senador, mas não fala de assédio.

A acusação de abuso sexual veio este ano, em entrevista ao The Washington Post na qual disse que, em 1993, Joe Biden a "jogou contra a parede, colocou a mão por baixo da sua saia e a penetrou com os dedos".

Biden negou a acusação e pediu que investigassem se existe de fato queixa feita no Senado. "A antiga funcionária diz que apresentou uma queixa em 1993. Mas ela não tem registros desta suposta queixa. Os registros dos meus anos no Senado que foram doados para a Universidade de Delaware não contém arquivos pessoais", disse Biden.

Reade disse não ter uma cópia do documento, mas ressaltou que mesmo se a queixa for revelada, não vai conter a acusação feita este ano.

Em suas transcrições, a AP encontrou que a ex-funcionária afirmou ter "surtado" após procurar o escritório de aconselhamento do Senado. Na sexta-feira ela disse ter se referido a ficar "furiosa" por não apresentar acusação de abuso completa.

Entenda o caso

De acordo com Tara Reade, o suposto abuso teria acontecido no subsolo de um dos prédios do Senado norte-americano, em 1993.

"Ele estava cochichando algo para mim e tentava me beijar ao mesmo tempo enquanto perguntava se eu queria ir a outro lugar. Eu me lembro de querer dizer para ele parar, mas não sei se gritei ou se apenas pensei nisso. Estava meio congelada", disse Reade em entrevista à agência de notícias "Associated Press".

Em 2019, a ex-funcionária, juntamente com outras oito mulheres, alegaram que o ex-vice-presidente de Barack Obama (2009-2016) a as deixava desconfortáveis com demonstrações inadequadas de afeto. Na época, Biden reconheceu as reclamações e prometeu estar "mais atento ao respeito do espaço pessoal no futuro".

Segundo Kate Bedingfield, diretora de comunicação da campanha do democrata, o político "dedicou sua vida pública a mudar a cultura e as leis sobre violência contra a mulher" e "acredita firmemente que as mulheres têm direito de serem ouvidas respeitosamente".

Após a desistência do senador Bernie Sanders, Biden se tornou o único candidato dentro do Partido Democrata e só aguarda a oficialização de sua vaga para enfrentar o republicano Donald Trump, que buscará a reeleição.

*Com AP