Fãs do K-pop e usuários do TikTok dizem ter sabotado comício de Trump
Fãs de K-pop e usuários da rede social TikTok teriam sabotado o comício realizado pelo presidente americano Donald Trump, ontem, em Tulsa, Oklahoma (EUA), conforme informou o jornal "The New York Times".
Brad Parscale, chefe da campanha para a reeleição de Trump, postou no Twitter no início da semana que a organização havia recebido "mais de um milhão de pedidos de ingressos". Repórteres que compareceram ao evento, no entanto, observaram que a participação foi bem menor do que o esperado.
Trump e o vice-presidente Mike Pence, então, cancelaram discursos do lado de fora do comício, para uma multidão que não se concretizou.
Isso teria ocorrido porque fãs de grupos de música pop coreana, o chamado K-pop, e usuários do TikTok, popular aplicativo de compartilhamento de vídeos, alegaram ter registrado centenas de milhares de ingressos para o comício da campanha de Trump como uma brincadeira.
Depois que a conta oficial da campanha de Trump, o @TeamTrump, postou um tuíte pedindo aos apoiadores que se registrassem gratuitamente usando números de telefones em 11 de junho, fãs e usuários do Tik Tok se mobilizaram: eles começaram a compartilhar as informações com os seguidores, incentivando para que se inscrevessem no comício —mas sem a intenção de comparecer. Após o episódio, boa parte dos vídeos da "campanha paralela" foi deletada.
"A campanha se espalhou principalmente pelo Alt TikTok. O Twitter do K-pop e o Alt TikTok têm uma boa aliança, onde espalham informações entre si muito rapidamente. Todos eles conhecem os algoritmos e como podem impulsionar os vídeos para chegar onde querem", explicou o youtuber Elijah Daniel, 26 anos, que participou da campanha na mídia social, em entrevista ao "The New York Times".
Fracasso de público
Um porta-voz do Departamento de Bombeiros de Tulsa disse à Reuters que a contagem do público ficou em 6.200 pessoas.
A campanha de Trump via o comício como uma maneira de revigorar sua base e demonstrar apoio, em um momento no qual as pesquisas de opinião o mostram atrás do rival democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden.
Oklahoma relatou um crescimento de casos de novo coronavírus nos últimos dias, e o departamento sanitário do Estado alertou os que pretendiam comparecer ao evento que eles corriam risco maior de pegar o vírus.
A campanha de Trump disse que a entrada era por "ordem de chegada" e que ninguém recebeu um ingresso de verdade.
"Os esquerdistas sempre se iludem que estão sendo espertos. O registro ao comício significa apenas que você confirmou presença com um número de celular", disse o porta-voz da campanha de Trump, Tim Murtaugh, em um comunicado. "Mas nós os agradecemos pelas informações de contato."
Parscale disse em um comunicado que retira números falsos de telefone e que o fizeram com "dezenas de milhares" no evento de Tulsa, ao calcular a potencial presença.
A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez respondeu com escárnio uma publicação no Twitter de Parscale que culpou a imprensa por desencorajar o público e citou o comportamento ruim de manifestantes no lado de fora.
"Na verdade, vocês foram simplesmente derrubados por adolescentes no TikTok que inundaram a campanha de Trump com reservas falsas de ingressos e os enganaram a acreditar que um milhão de pessoas queria seu discurso supremacista branco o suficiente para encher uma arena durante a pandemia", escreveu, no sábado. "Aliados do K-pop, nós vemos e agradecemos sua contribuição na luta por Justiça também", acrescentou.
A CNN informou na terça-feira que um vídeo publicado por Mary Jo Laupp, com o jogo da velha #TikTokGrandma, estava ajudando a liderar o movimento. O vídeo agora tem mais de 700 mil curtidas.
Fãs de K-pop têm atuado em torno do movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam) nas redes sociais nas últimas semanas, sequestrando hashtags que se opõem ao movimento e inundando o aplicativo do departamento de polícia de Dallas que pedia evidências de atividades ilegais durante os protestos.
Na noite de sábado, houve alguma competição de gritos e tumultos no lado de fora do evento entre cerca de 30 manifestantes do Black Lives Matter e alguns apoiadores de Trump esperando para entrar.
Um repórter da Reuters disse que, embora a polícia tenha temporariamente fechado o acesso aos portões depois que os manifestantes chegaram ao perímetro do comício, tropas estaduais ajudaram a desobstruir a área, e os portões foram reabertos por volta de três horas antes de o comício começar.
Campanha de Trump rejeita
A campanha de Donald Trump negou que ativistas adolescentes teriam sabotado o comício do presidente americano, em Oklahoma. "Os esquerdistas e os trolls online fazem comemoração da vitória, achando que de alguma forma afetaram o comparecimento ao comício. Não sabem do que estão falando ou como nossos comícios funcionam", disse Brad Parscale, em fala reproduzida pela FOX News.
"Repórteres que escreveram alegremente sobre TikTok e fãs do K-pop sem entrar em contato com a campanha para comentar se comportaram de maneira não profissional e estavam dispostos a espalhar a farsa", completou.
*Com informações da agência Reuters, em Oklahoma (EUA)
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