Anistia: Isolamento provocou mais 'marginalização, estigmas e violência'
Um relatório publicado hoje pela AI (Anistia Internacional) concluiu que o distanciamento social causado pela pandemia do novo coronavírus expôs as desigualdades estruturais já existentes, aumentou a discriminação — principalmente por raça e etnia — e provocou maior "marginalização, estigmatização e violência". O documento analisou as medidas de isolamento em 12 países da Europa.
Segundo a AI, na região francesa de Seine-Saint-Denis, conhecida pelo alto percentual de moradores descendentes de pessoas negras e do norte da África, houve, em comparação com a média nacional, o dobro de abordagens policiais e o número de multas aplicadas foi três vezes maior do que no restante do país.
O relatório ainda menciona toques de recolher na França, especialmente, em áreas onde negros, asiáticos e outras comunidades étnicas vivem. A Anistia ainda comentou a análise de 15 vídeos que mostram o uso ilegal da força, insultos racistas e homofóbicos feitos por policiais — no período entre 18 de março e 26 de abril deste ano — em 15 cidades francesas.
Enquanto isso, no Reino Unido houve o aumento de 22% nas operações e abordagens policiais realizadas em Londres no período entre março e abril. Ainda na capital inglesa, o número de pessoas negras submetidas a buscas e apreensões aumentou. Em março, eram 7,2 pessoas a cada 1.000, enquanto, em abril, foi para 9,3 a cada 1.000.
Maus tratos às comunidades ciganas
Nomeado como "Policiamento da pandemia: Violações dos direitos humanos na execução de medidas da covid-19 na Europa", o documento pontuou os maus-tratos às comunidades ciganas, em muitos casos, estimulados por políticos.
Na Bulgária, autoridades chegaram a atacar comunidades ciganas com drones embutidos com sensores térmicos para medir a temperatura dos moradores e vigiar suas movimentações.
A condição dos refugiados também foi comentada no documento que denunciou que solicitantes de asilo e refugiados foram colocados obrigatoriamente em quarentena em países como Alemanha, Sérvia, Chipre e Grécia.
Pierrette Herzberger-Fofana, primeira pessoa de origem africana a representar a Alemanha no Parlamento Europeu, comentou o relatório e relembrou a morte de George Floyd ao Guardian. Floyd, um homem negro, foi asfixiado por mais de sete minutos por um policial branco em Minneapolis, nos EUA, no fim de maio.
"O assassinato brutal de George Floyd mais uma vez trouxe a realidade da brutalidade policial em destaque. Precisamos aproveitar o momento para pressionar por mudanças concretas. Esta pesquisa mostra que grupos de negros, ciganos, pessoas de origem norte-africana e migrantes têm muito mais probabilidade de serem alvos e vítimas de violência policial", disse Herzberger-Fofana.
Ontem, a Anistia denunciou autoridades dos EUA pela violação de direitos humanos de cidadãos durante os protestos contra a violência policial.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.