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Trump indica juíza conservadora para o lugar de Ginsburg na Suprema Corte

Do UOL, em São Paulo

26/09/2020 18h05

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje que a juíza Amy Coney Barrett, 48, irá suceder Ruth Bader Ginsburg —que morreu no dia 18 deste mês aos 87 anos— na Suprema Corte americana. Um comitê do Senado ainda precisa aprovar a escolha do presidente. O nome da juíza já tinha sido adiantado pelo "The New York Times".

Com a indicação célere, o objetivo de Trump é forçar a confirmação de sua escolha pelo Senado antes da eleição presidencial, prevista para o início de novembro. Se Barrett for confirmada, o Supremo contará com seis juízes conservadores entre seus nove magistrados.

"Eu sei que você vai fazer nosso país muito orgulhoso", disse Trump, em cerimônia realizada em frente à Casa Branca. A juíza agradeceu pela oportunidade e citou a importância de Ruth Ginsburg, considerada um dos ícones do movimento feminista nos EUA.

"Eu entendo completamente que essa é uma decisão fundamental para o presidente. Caso seja escolhida, eu prometo fazer o meu melhor [no cargo]. Eu amo os EUA e a Constituição", disse.

A bandeira ainda está flamulando a justiça de Ruth. Ela conseguiu a admiração das mulheres pelo mundo e foi uma mulher de gigantesco talento, sua vida pública foi um exemplo para nós

Ideologia

Caso seja confirmada pelo Comitê do Senado, a ida de Barrett para a Suprema Corte alterará a composição ideológica da Suprema Corte, com vantagem para os conservadores, informou o "NYT".

A juíza Amy Coney Barrett empolga os conservadores por sua religiosidade e causa temor entre seus críticos, que alertam que sua indicação faria da alta instância um tribunal de direita.

Em 2018, Barrett fez parte da lista de finalistas apresentada pelo presidente Donald Trump para o lugar na Suprema Corte do aposentado juiz Anthony Kennedy, um posto que acabou ficando com Brett Kavanaugh, após uma feroz batalha pela confirmação.

Com apenas 48 anos, sua nomeação para um posto vitalício garantiria uma forte presença conservadora por décadas na Suprema Corte, mas seus antecedentes seriam um novo foco de tensão em um país polarizado, por Barrett ser uma antítese de Ginsburg.

Católica praticante e mãe de sete filhos, dois deles adotados no Haiti e um com síndrome de Down, Barrett se opõe ao aborto, um dos temas-chave dentro da polarização cultural que domina a atualidade dos Estados Unidos.

Democratas foram contra indicação

Os opositores democratas, liderados pelo candidato à Casa Branca, Joe Biden, exigiram que os republicanos não preenchessem a vaga na Suprema Corte —onde os membros são nomeados para toda a vida— até depois da eleição em 3 de novembro, quando será anunciado se Trump foi ou não reeleito para um segundo mandato.

"Considerando que esta aspirante à Suprema Corte poderia ocupar o cargo por 30 anos, é nada menos que ultrajante que eles queiram nomeá-la em menos de 30 dias", ressaltou à CNN o senador Dick Durbin, uma alta figura democrata.

Esse desejo é compartilhado pela maioria dos americanos. Segundo uma pesquisa do Washington Post/ABC, 57% dos entrevistados —frente a 38%— são contra a confirmação da nova magistrada antes das eleições.

Mas os líderes da maioria republicana no Senado, encarregados de confirmar a designação dos juízes à Suprema Corte, disseram que planejam votar o caso antes das eleições ou, o mais tardar, antes da posse do novo presidente em janeiro. "Certamente faremos este ano", disse o líder republicano do Senado, Mitch McConnell.