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França eleva alerta de segurança contra terrorismo após ataques simultâneos

Do UOL, em São Paulo*

29/10/2020 10h03

A França elevou o nível de alerta de segurança para o patamar mais alto após ataques simultâneos terem sido registrados em diversas localidades, inclusive no consulado do país na Arábia Saudita, informou hoje o primeiro-ministro Jean Castex.

Três pessoas morreram, uma delas degolada, e várias ficaram feridas hoje em Nice, na Riviera Francesa, em um ataque a faca nas proximidades da Basílica de Notre Dame. O agressor foi preso e segundo o prefeito da cidade, Christian Estrosi, tudo apontava para um "ataque terrorista".

De acordo com o prefeito, o suspeito "repetiu indefinidamente 'Allahu Akbar' (Alá é o maior) quando estava sendo tratado no local".

Em Montfavet, perto da cidade de Avignon, no sul do país, a polícia francesa matou um homem depois que ele havia ameaçado pedestres com uma arma.

De acordo com a emissora de rádio francesa Europe 1, ele também gritou "Allahu Akbar".

Consulado na Arábia Saudita

Em Jidá, uma das principais cidades da Arábia Saudita, um homem feriu um guarda em um ataque com faca no consulado francês e foi imediatamente detido, segundo informaram a mídia estatal e a embaixada francesa.

A polícia da província de Meca, onde Jida está localizada, disse que o agressor era saudita, mas não especificou a nacionalidade do guarda, que teria sofrido ferimentos leves.

Nem as autoridades sauditas nem a embaixada francesa mencionaram os motivos do ataque. No entanto, isso ocorre em meio à crescente raiva no Oriente Médio pelas declarações do presidente francês Emmanuel Macron de que seu país não "renunciará às charges" retratando o profeta Maomé, o que desencadeou um boicote a produtos franceses no mundo árabe.

'Resposta será firme e implacável'

Castex disse à Assembleia Nacional do país que a resposta do governo ao ataque será firme e implacável. Os episódios de violência acontecem duas semanas após a decapitação do professor Samuel Paty, na região de Paris, que provocou comoção nacional.

Ainda não está claro o motivo dos ataques ou se há relação com a morte de Paty, mas o prefeito de Nice lembrou a decapitação e falou que a França precisa "eliminar o islamofascismo".

Paty, 47, foi morto no último dia 16 após mostrar caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre a liberdade de expressão. Pouco depois de deixar a escola onde trabalhava na pequena cidade de Conflans-Saint-Honorine, em Yvelines, na região parisiense, o educador foi decapitado por um terrorista, um jovem de 18 anos de origem chechena.

Ele levou à sala de aula uma caricatura publicada no jornal Charlie Hebdo para explicar aos alunos sobre aquela que é um dos pilares da República francesa, a liberdade de expressão.

No mês passado, duas pessoas ficaram gravemente feridas em um ataque a faca perto do antigo escritório do Charlie Hebdo, em Paris. A agressão coincidiu com o julgamento do atentado de 2015 contra a redação do veículo.

Na semana passada, durante uma homenagem ao professor Paty na Sorbonne, Macron defendeu a liberdade de expressão e o uso de caricaturas satíricas. Desde então, vários países muçulmanos, como a Turquia, tem endurecido o tom de crítica e alimentado um boicote à França.

* Com informações da AFP, ANSA, Reuters e RFI