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Schelp: Bolsonaro vê política externa como extensão da política doméstica

Colaboração para o UOL, de São Paulo

08/11/2020 04h00

Terminada a longa apuração dos resultados da eleição americana, entrará em debate a postura brasileira e seu lugar na política internacional. Na avaliação de Diogo Schelp, colunista do UOL, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não vê a política externa como ela deveria ser vista.

"Jair Bolsonaro não vê a política externa como a política externa deve ser vista. Ou seja, um país, procurando defender seus interesses fora de suas fronteiras. Bolsonaro vê a política externa como uma extensão da política doméstica”, disse o colunista durante o podcast Baixo Clero #64 apresentado por Carla Bigatto e com participação dos colunistas do UOL Carla Araújo. (Ouça a partir do minuto 32:24)

“Quando ele faz essas declarações dizendo que vai ficar leal ao Trump até o fim, enquanto Trump não se der por vencido ele também não vai dar, ele está falando com o público ideológico dele, né. Isso pega muito bem pro público ideológico do Bolsonaro. A gente já viu isso nas redes sociais, Bolsonaro revogando decreto porque os apoiadores gritaram, e é assim que ele funciona", disse Schelp. (Ouça a partir do minuto 32:24)

Segundo a colunista do UOL, Carla Araújo, em Brasília há uma preocupação em relação a parte diplomática, dependendo dos resultados nas eleições americanas.

"A ideia é tentar arrefecer o ânimos, tentar segurar a boca do presidente para que ele não entre em polêmica. Eventualmente, se o Biden for eleito, os auxiliares do presidente pedem uma diplomacia. Estão pedindo para que o presidente evite embates, evite embarcar numa suposta suspeita de fraude, como Trump tem feito", disse a colunista. (Ouça a partir do minuto 30:55)

Carla ainda falou sobre uma tentativa da equipe do atual presidente em mantê-lo ausente de possíves posicionamentos no momento.

"Do mesmo jeito que eles tentaram deixar o Bolsonaro quieto nas eleições municipais, os auxiliadores do Bolsonaro tentaram, e muito, fazer com que ele ficasse quieto nessa eleição Americana. O que não deu certo também", disse Carla Araújo. (Ouça a partir do minuto 28:58)

"Existe uma operação aqui [se referindo à Brasília] de cautela. Arrefecer aí os ânimos e a ideia do Ministério da Economia, e de outros atores, é tentar mostrar que, independente do resultado, as relações comerciais entre os dois países seguem o seu curso natural e não teria tanta influência entre um vencedor ou outro. É fato que tá todo mundo, também, acompanhando, existe essa expectativa se Bolsonaro vai entrar no jogo da judicialização da eleição como Trump", completou a colunista. (Ouça a partir do minuto 28:58)

Debate com 4 melhores colocados será mais dinâmico

O UOL fará debate com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, em um modelo dinâmico com os melhores colocados na pesquisa. Marcos Sergio Silva, chefe de reportagem do UOL Notícias, participou do podcast e explicou como será o debate com os candidatos à Prefeitura.

"Essa pesquisa definiu que Bruno Covas, Celso Russomanno, Márcio França e Guilherme Boulos todos têm as condições numéricas, de acordo com o Datafolha, de participar desse debate na próxima semana", contou.

Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.