Casa Branca tentou ligar 18 vezes para secretário da Geórgia, diz CNN
Houve 18 tentativas de telefonemas da Casa Branca para o escritório do secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, entre o dia da eleição nos Estados Unidos — 3 de novembro — e o último sábado (2), segundo fontes ouvidas pela CNN norte-americana. O motivo? O presidente Donald Trump queria contestar a apuração dos votos no estado.
A conversa entre os dois acabou saindo no sábado (2) e foi revelada no domingo (3) pelo jornal The Washington Post. Hoje, pela manhã, Raffensperger disse que considerou o telefonema de Trump inapropriado, mas o atendeu porque foi "pressionado".
"Não, não achei apropriado falar com o presidente, mas ele forçou. Acho que sua equipe nos pressionou. Eles queriam ligar... Só preferia não falar com ninguém enquanto estamos em litígio", disse o secretário em uma rápida entrevista ao "Good Morning America", da ABC.
"Foi ele quem mais falou. Ouvimos a maior parte do tempo", completou. "Era óbvio que as teorias de fraudes seriam desmascaradas, mas o presidente Trump continua a acreditar nelas".
A gravação da conversa indica que Trump pressionou Raffensperger a recontar os votos na Geórgia para favorecê-lo na eleição. O estado foi um dos vários considerados chave para a vitória de Joe Biden: lá, o democrata teve 49,5% dos votos, contra 49,3% do republicano — uma diferença de 11.779 votos.
Como secretário de Estado da Geórgia, Raffensperger é responsável, entre outras atribuições, pela supervisão do processo eleitoral.
Você sabe o que eles fizeram e você não está denunciando. Isso é crime, e você não pode deixar que isso aconteça. (...) Quero dizer, estou te avisando que você está deixando que isso aconteça. Então veja: tudo o que quero fazer é isso, eu só quero encontrar 11.780 votos, um a mais do que temos [de diferença para Biden], porque nós vencemos no estado. Donald Trump, em conversa com Brad Raffensperger
'Pior que Watergate'
A revelação de que Trump pressionou Raffensperger, para "encontrar" votos a seu favor e reverter a vitória de Joe Biden no estado é mais grave do que o caso Watergate, na avaliação de Carl Bernstein. Segundo o jornalista, os áudios divulgados pelo The Washington Post são evidência "suficiente" para um impeachment.
O Watergate foi um escândalo político ocorrido nos anos 1970 e revelado por Bernstein e Bob Woodward, ambos repórteres do The Washington Post à época. O episódio resultou na renúncia do então presidente Richard Nixon, do Partido Republicano — o mesmo de Trump —, e marcou a história política dos Estados Unidos, tendo sido retratado até nos cinemas, em "Todos os Homens do Presidente" (1976).
"Isso não é um déjà-vu [sensação de já ter vivido determinada situação], é algo muito pior do que o que aconteceu no Watergate", disse Bernstein à CNN. "Essa gravação evidencia o que esse presidente está disposto a fazer para enfraquecer o sistema eleitoral. Ilegalmente, inapropriadamente e imoralmente, ele tenta incitar um golpe para continuar como presidente dos EUA".
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