Se Trump não sair imediatamente, Congresso agirá, diz presidente da Câmara
Presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi afirmou, na tarde de hoje, que o Congresso pode indiciar os trâmites do processo de impeachment do presidente Donald Trump por ter incitado os manifestantes que invadiram o Capitólio nesta semana caso ele não deixe o cargo imediatamente. Pelosi também apelou aos republicanos para que se juntem a esses esforços.
Em carta, Pelosi menciona seu movimento, ao lado do líder democrata do Senado, Chuck Schumer, ontem, pedindo que o vice-presidente Mike Pence invoque a 25ª emenda. O dispositivo, previsto pela Constituição americana, prevê a transferência de poder para o vice caso o presidente seja considerado incapaz de governar.
O receio de Pelosi é que, por ainda ser presidente, Trump ainda comanda as forças militares. Mesmo que possam se recusar a cumprir ordens consideradas ilegais, remover o presidente da linha de comando seria considerado um golpe militar.
Com menos de duas semanas de mandato presidencial, antes da posse do democrata Joe Biden no dia 20, remover Trump depende de uma maioria de dois terços no Senado. Como a próxima sessão no Congresso acontecerá apenas na segunda-feira (11), é improvável que o processo de impeachment seja introduzido até lá.
Pelosi e Schumer adiantaram que, caso Pence não invoque a lei, o Congresso prosseguirá com outro processo. A presidente da Câmara endossou a afirmação na carta divulgada hoje.
Como sabem, existe um movimento crescente para que seja invocada a 25ª emenda, o que permitiria ao vice-presidente e à maioria de seu gabinete a remoção do presidente por incitar a insurreição e o risco que ainda representa. Ontem, Schumer e eu fizemos o pedido ao vice-presidente Pence, e ainda esperamos ouvir dele o quanto antes uma resposta positiva sobre se ele e seu gabinete seguirão os votos à Constituição e ao povo americano
Nancy Pelosi em carta a congressistas
O texto também menciona a renúncia de Richard Nixon (1969-1974) em meio ao escândalo de Watergate, quando parlamentares republicanos o persuadiram a deixar o cargo e evitar passar por um processo de impeachment. Utilizando o exemplo de Nixon — único presidente americano a renunciar — ela pediu que outros republicanos se posicionem no caso Trump.
Hoje, após os atos perigosos e insurgentes do presidente, congressistas republicanos devem seguir o exemplo e pedir a Trump que deixe o cargo imediatamente. Se o presidente não sair prontamente e de boa vontade, o Congresso seguirá com sua ação
Nancy Pelosi em carta a congressistas
Pelosi responsabilizou Trump pela invasão de apoiadores dele ao Capitólio, como é conhecido o Congresso americano, na tarde de quarta-feira (6). O ataque interrompeu a sessão de certificação do presidente eleito Joe Biden, que precisou ser realizada mais tarde no mesmo dia, e provocou caos e tumulto. Cinco pessoas morreram.
Ao ser questionado sobre o processo para retirar Trump do cargo, Biden respondeu estar focado em conter a pandemia do novo coronavírus, com uma vacinação rápida. "Essa é uma decisão a ser tomada pelo Congresso. Estou focado no meu trabalho", disse ele, que não poupou críticas a Trump, dizendo que seu rival é "inapto".
Uso de código nuclear
Na carta, Pelosi também relata ter conversado com o principal comandante militar do país sobre tomar precauções para garantir que Trump não ordene um ataque nuclear em suas duas últimas semanas no cargo.
Esta manhã falei com o presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, para discutir as precauções disponíveis para evitar que um presidente instável inicie hostilidades militares ou acesse códigos de lançamento e ordene um ataque nuclear
Nancy Pelosi em carta a congressistas
Procuradores dizem que Trump pode ser investigado por invasão
Trump, seu filho Donald Trump Jr, e seu advogado Rudy Giuliani — ex-prefeito de Nova York — podem ser investigados por incitarem a invasão ao Capitólio. Em entrevista à emissora ABC, na manhã de hoje, o procurador-geral de Washington DC, Karl Racine, afirmou que o trio ajudou a disseminar a ideia de "justiça combativa" nos manifestantes;
"Donald Trump Jr., Giuliani e até mesmo o presidente dos Estados Unidos, convocaram apoiadores e grupos de ódio para ir ao Capitólio (...) Vamos investigar não apenas os criminosos, mas também aqueles que invocaram a violência", disse Racine.
Segundo o jornal New York Post, o Departamento de Justiça dos EUA avalia apresentar acusações contra Trump após o dia 20 de janeiro, quando ele deixar a presidência e voltar a ser considerado um cidadão comum.
"Qualquer pessoa que tiver desempenhado um papel, e com evidências que se encaixem nos elementos de um crime, será acusada", disse Michael Sherwin, outro procurador.
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