'Dois monstros': brasileira explica como salvou menino torturado nos EUA
A brasileira Flaviane Carvalho, de 45 anos, virou notícia na mídia internacional após salvar um garoto de 11 anos dos abusos dos pais em um restaurante, em Orlando, na Flórida (EUA) em 1º de janeiro.
O caso ganhou grande repercussão por conta de sua gravidade. Um casal e duas crianças faziam uma refeição no restaurante Mrs. Potato, quando Flaviane notou que o garoto sentado à mesa era o único com o prato vazio, além dos evidentes ferimentos no rosto.
Discretamente, Flaviane usou um papel e uma caneta — fora do alcance dos pais — para perguntar se estava tudo bem com o garoto. Após a resposta negativa, Flaviane não hesitou em denunciar.
A polícia foi chamada imediatamente e Timothy Wilson II, padrasto da criança, foi preso naquela noite, apesar de ter negado as acusações de agressão infantil. Kristen Swann, mãe do menino, só foi detida no dia 6, após admitir que sabia sobre o abuso e que não levava o filho para tratar os ferimentos.
"Eles pareciam uma família normal, mas eram quatro pessoas e percebi que estava faltando uma refeição", disse Flaviane, que trabalha no local há um ano e meio, em entrevista ao Daily Mail.
"O homem disse que estava tudo bem, o menino jantaria em casa. Mas eu sabia que algo estava errado, não é normal para uma família fazer isso. Quando me aproximei da mesa, pude ver feridas no rosto do menino. Ele tinha um grande arranhão e hematomas na lateral dos olhos. Ele parecia tão triste. Eu sabia que tinha que fazer algo. Algo ruim estava acontecendo", completou.
Com a prisão do casal na Cadeia de Orange Country, o garoto e a irmã foram levados ao Departamento de Crianças e Famílias da Flórida, mas Flaviane gostaria de abraçar o menino:
"Era tão corajoso. Ele não apenas salvou a si mesmo, ele salvou sua irmãzinha ao enfrentar esse homem. Estou tão orgulhosa dele. Ele é o herói. Queria dar um grande abraço no menino, abraçá-lo com força e dizer que estou muito orgulhosa dele", contou a mulher, que diz que fez "o que deveria fazer", pois foi o que "o coração pediu".
"Ela [a mãe] é tão má quanto o homem, eles são dois monstros", disse.
A garçonete natural de Goiânia (GO) é casada com Rodrigo, de 49 anos, que trabalha em uma construtora, é mãe de duas jovens — Clara, de 21 e Eduarda de 18. Ela não compreende como uma mãe pode ter deixado que o padrasto tenha tratado o menino daquela forma.
"Honestamente, quando vi as fotos pela primeira vez, antes mesmo de ver os ferimentos pessoalmente, elas me levaram às lágrimas. Vejo muitas coisas hediondas que as pessoas fazem umas às outras. Mas apenas choca sua alma ao ver isso sendo feito a uma criança. É incompreensível como a mãe deixou isso acontecer", desabafou.
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