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Velório de presidente da Tanzânia tem aglomeração e pessoas sem máscaras

20.mar.2021 - Mulher chora durante velório do presidente da Tanzânia John Magufuli no Estádio Uhuru  - STR/AFP
20.mar.2021 - Mulher chora durante velório do presidente da Tanzânia John Magufuli no Estádio Uhuru Imagem: STR/AFP

Do UOL, em São Paulo

21/03/2021 11h41

Milhares de cidadãos da Tanzânia se reuniram para a cerimônia de despedida do presidente da Tanzânia John Magufuli, que morreu na última quarta-feira (17), aos 61 anos. Em meio à pandemia do novo coronavírus, imagens do velório, realizado num estádio de futebol, mostram as pessoas aglomeradas e muitas sem máscara.

O caixão de Magufuli foi levado ao estádio ontem em uma procissão liderada por sua sucessora, Samia Suluhu Hassan. Ele será levado a vários locais diferentes para exibição pública antes do enterro em sua cidade natal, Chato, na sexta-feira, segundo a rede britânica BBC.

Oficialmente, a morte de Magufuli ocorreu em decorrência de problemas cardíacos. Porém, os opositores afirmam que a verdadeira causa da morte do mandatário, que estava ausente de qualquer aparição pública desde 27 de fevereiro, foi a covid-19.

Magufuli era um negacionista da doença e dizia que a Tanzânia não tinha mais casos do coronavírus "há mais de um ano". Os dados oficiais pararam de ser publicados logo depois dos primeiros contágios terem sido registrados no país africano.

"Isto é justiça poética. O presidente Magufuli desafiou o mundo na luta contra o corona (...) Desafiou a ciência. Ele se negou a adotar as precauções básicas que são recomendadas às pessoas de todo o mudo contra o corona", afirmou seu principal opositor, Tindu Lissu.

Apesar de as autoridades tanzanianas criarem orientações sanitárias sobre como enfrentar o coronavírus, como lavar as mãos, usar máscaras e manter o distanciamento, Magufuli não seguia as regras e dizia para a população rezar e usar ervas medicinais para evitar contrair a covid-19.

20.mar.2021 - Membros das Forças Armadas da Tanzânia durante velório do presidente John Magufuli - STR/AFP - STR/AFP
20.mar.2021 - Membros das Forças Armadas da Tanzânia durante velório do presidente John Magufuli
Imagem: STR/AFP

Além disso, em outubro do ano passado, ele realizou as eleições gerais sem nenhum tipo de preocupação sanitária — ato que suscitou críticas dos opositores e também de países vizinhos.

Desde o início desse ano, o país vem registrando uma alta expressiva no número de óbitos, mas o governo afirmou que as mortes foram causadas por "pneumonia". E esses casos também ocorreram dentro do alto escalão político, mas foram negados oficialmente.

Em 19 de fevereiro, Magufuli participou do funeral do chefe de administração pública de seu governo, John Kijazi, que não teve a causa do óbito revelada, e disse que o governo estava enfrentando uma "doença respiratória".

No dia 24, três dias antes do "sumiço" do presidente, o ministro da Economia, Philip Mpango, tinha sintomas da Covid-19 (tosse e dificuldade de respirar) e deu uma coletiva de imprensa negando a doença.

A até então vice-presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, sucedeu oficialmente Magufuli na sexta-feira (19) e se tornou a primeira mulher chefe de Estado deste país do leste da África.

* Com informações da AFP e Ansa