Ex-embaixadora dos EUA na ONU diz que danos causados por Trump são graves
Samantha Power, ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU (Organizações das Nações Unidas), disse hoje que os danos causados por quatro anos de gestão do ex-presidente Donald Trump são graves.
"Os danos causados por quatro anos de Donald Trump, e também pela sua sombra sobre esta presidência, são graves, sem dúvida. A confiança se perdeu, relações que eram tão fortes, próximas e confiantes agora estão bem diferentes", afirmou ela, durante entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
"Os EUA perderam seu papel de liderança global, saíram da OMS [Organização Mundial da Saúde], deram as costas ao financiamento de programas importantes da ONU com Trump", completou.
Samantha Power trabalhou para o governo democrata de Barack Obama como representante permanente dos EUA na ONU entre 2013 e 2017. Recentemente, ela foi anunciada pelo presidente Joe Biden como futura chefe da USAID (agência americana para o desenvolvimento internacional).
Ainda durante a entrevista, Samantha relembrou a experiência que teve no passado com tropas brasileiras que estavam em missão de paz no Haiti. Ela, no entanto, diz que dentro da ONU o Brasil retrocedeu em algumas áreas.
"Tive a experiência de trabalhar com as tropas brasileiras no Haiti, por exemplo, e com um general brasileiro que era muito influente no Congo. Então, o Brasil, dentro da ONU, desempenhou um papel. E sim, em certas áreas, retrocedeu. Já foi um grande líder nos direitos dos LGBTs [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros] e direitos humanos, no sistema internacional, e agora não é mais", afirmou ela.
Mensagem de alerta
Sobre a tecnologia 5G, que será implementada no Brasil nos próximos anos, Samantha Power enviou mensagem de alerta ao país ao dizer que a China usa sua tecnologia para fins de segurança nacional e espionagem comercial.
"Quanto ao 5G, o que muitos países descobriram, e espero que o Brasil descubra também, é que a China usa essa infraestrutura tecnológica para fins de segurança nacional e para fazer espionagem comercial", ressaltou.
"Portanto, como amigos do Brasil, acho que os EUA já avisaram sobre isso, que essa seria a abordagem errada, deixaria o Brasil vulnerável aos caprichos do governo chinês e do aparato de segurança nacional deles", pontuou.
O governo Bolsonaro, que tem demonstrado preferência por um acordo com os americanos, quer realizar o leilão do 5G neste ano. Desde o governo Trump, a prioridade do embaixador dos EUA em Brasília, Todd Chapman, tem sido convencer a família Bolsonaro de que o Brasil deveria optar pelo 5G americano e impôr restrições à tecnologia chinesa.
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