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Entenda o que está acontecendo em Jerusalém, onde 300 palestinos se feriram

10.mai.21 - A polícia israelense usa gás lacrimogêneo, balas de borracha e granadas de choque para dispersar os palestinos que estavam de guarda na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental - Anadolu Agency/Anadolu Agency via Getty Images
10.mai.21 - A polícia israelense usa gás lacrimogêneo, balas de borracha e granadas de choque para dispersar os palestinos que estavam de guarda na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental Imagem: Anadolu Agency/Anadolu Agency via Getty Images

Do UOL, em São Paulo*

10/05/2021 17h47Atualizada em 10/05/2021 18h01

Cenário dos atuais confrontos entre a polícia israelense e palestinos, a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, viveu mais um dia de violência. Cerca de 305 palestinos ficaram feridos hoje após conflito em frente à mesquita Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã. Manifestantes receberam a polícia com pedras enquanto autoridades responderam com balas de borracha e granadas de atordoamento.

O episódio acontece no dia que Israel comemora a conquista de Jerusalém e da Cidade Velha murada. Em 2021, a data coincide com o fim do Ramadã, o mês de jejum dos muçulmanos —próximo à mesquita Al-Aqsa está o Muro das Lamentações, o local de oração mais importante para os judeus.

Jerusalém vive dias de tensão entre palestinos e Israel desde que famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah passaram a ser ameaçadas de despejo. A disputa pelo terreno, onde foram construídas várias casas de quatro famílias palestinas, começou após decisão do tribunal distrital de Jerusalém, que decidiu que judeus têm direito ao terreno.

O caso agora está com a Suprema Corte de Israel, que realiza hoje uma nova audiência sobre o caso. Uma lei israelense, no entanto, diz que, se judeus puderem provar que sua família vivia em Jerusalém Oriental antes da guerra de 1948, eles podem pedir que seus "direitos de propriedade" sejam restaurados.

Protestos contra a expulsão de famílias palestinas acontecem há semanas. Para especialistas, os atuais confrontos na Esplanada das Mesquitas são os mais violentos desde 2017 —o Hamas, movimento islâmico palestino que controla a Faixa de Gaza, chegou a ameaçar Israel com ataques se a Suprema Corte aprovar o despejo de famílias palestinas.

Hoje, militantes palestinos na Faixa de Gaza dispararam foguetes em direção à região de Jerusalém e ao sul de Israel, ameaçando punir Israel por confrontos violentos com palestinos em Jerusalém.

Anteontem, confrontos nas proximidades do Portão de Damasco, em Bab al-Zahra e Sheikh Jarrah, deixaram cerca de cem feridos, incluindo menores, informou o Crescente Vermelho Palestino. Segundo a polícia, nove foram presos.

No dia anterior (7), mais de 220 pessoas ficaram feridas em confrontos na Esplanada das Mesquitas depois que um grupo de palestinos foi impedido de entrar no complexo no dia mais sagrado para o Islã —palestinos estavam reunidos para o iftar, a refeição que rompe o jejum do Ramadã.

A polícia israelense disse que usou a força para "restaurar a ordem" devido aos "distúrbios de milhares de fiéis" após as orações noturnas.

Reação internacional

Com a escalada das tensões, o papa Francisco pediu o fim da violência e disse acompanhar "com particular preocupação os acontecimentos".

A violência só alimenta violência. Paremos com esses confrontos".
Papa Francisco faz apelo contra a violência em Jerusalém

Os Estados Unidos também se manifestaram e pediram a "desaceleração das tensões" e que se evite medidas unilaterais, como "despejos, assentamentos e demolições".

Em nota, negociadores do chamado Quarteto do Oriente Médio (também chamado de Quarteto de Madrid) —Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU —expressaram "profunda preocupação" com a nova espiral de violência.

O presidente da Autoridade palestina, Mahmoud Abbas, responsabilizou o governo de Israel.

O Irã pediu a ONU que condene um "crime de guerra" cometido por Israel e condenou o ataque contra a mesquita al-Aqsa "pelo regime militar que ocupa" Jerusalém, declarou em um comunicado o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano.

Enquanto os confrontos não esfriam, o Crescente Vermelho abriu um hospital de campanha para cuidar dos feridos.

*Com Reuters, AFP e BBC