Jornalista afegã chora em coletiva de imprensa da OTAN e pede ajuda ao país
A jornalista de origem afegã Lailuma Sadid, da rede de notícias belga "Brussels Morning Newspaper", não conseguiu conter a emoção e as lágrimas hoje durante uma entrevista coletiva virtual com o Secretário-Geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, sobre a atual crise no Afeganistão.
Com uma placa ao fundo do vídeo contendo a frase "vidas afegãs importam", a jornalista se mostrou visivelmente emocionada e chorou ao questionar Stoltenberg: "como é possível que tudo isto tenha acontecido?!". Sadid afirmou que após a queda de Cabul, capital do Afeganistão, no último domingo (15), e a tomada do país pelo grupo Taleban, as mulheres afegãs "temem pelo seu futuro".
O Secretário-Geral da OTAN disse aos repórteres durante a entrevista coletiva que ficou "surpreso" com a velocidade com que o Taleban retomou o controle das principais províncias do Afeganistão e de Cabul, apesar de 20 anos de ocupação dos Estados Unidos, Reino Unido e aliados do Ocidente.
Lailuma Sadid cobrou uma reação da comunidade internacional e pediu para que a OTAN "não reconheça o Taleban incondicionalmente como fez o governo Trump". Em fevereiro de 2020, na cidade de Doha, no Catar, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, assinou com o Taleban um acordo que previa a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da OTAN do território afegão.
Em meio às lágrimas, a repórter também questionou o Secretário-Geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte por que os EUA, a OTAN e as demais nações do "mundo civilizado" foram capazes de derrotar o nazismo e o fascismo, "mas não tenham conseguido derrotar um grupo do Taleban?!"
Mulheres sob o regime Taleban
Depois de conquistar a capital afegã Cabul, o grupo Taleban anunciou "anistia geral" para funcionários públicos do Afeganistão e defendeu a participação das mulheres no governo.
Segundo o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, os direitos das mulheres serão respeitados, "desde que esses direitos estejam de acordo com a Lei Islâmica". Mujahid também garantiu que as mulheres poderão trabalhar "caso desejem", mas sob certas condições.
Apesar das promessas de maior moderação, o povo afegão e a comunidade internacional permanecem céticos e temem um retrocesso na sociedade, principalmente para as mulheres.
O Taleban impõe uma interpretação radical e estrita da Sharia, a Lei Islâmica, e que restringe severamente os direitos das mulheres.
Quando o Taleban governou o Afeganistão pela última vez, de 1996 a 2001, as meninas não podiam frequentar escolas, mulheres não podiam trabalhar e para sair de casa tinham que usar a burca, vestimenta que cobre o corpo inteiro, e estar acompanhadas por um parente do sexo masculino.
As mulheres que desafiavam essas regras sofriam humilhações e espancamentos públicos pela polícia religiosa do grupo.
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