Premiê do Sudão é solto depois de um mês preso em meio a golpe de Estado
O primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, foi solto nesse domingo depois de passar quatro semanas preso, enquanto o presidente interino e tenente-general Abdel Fattah al-Burhan dava um golpe de Estado e manifestações contra a tomada de poder eclodiam. Segundo a mídia sudanesa e o The New York Times, a liberdade de Hamdok foi restituída após ele fazer um acordo com al-Burhan.
O trato estipularia também que outros presos políticos devem receber ordem de soltura e Hamdok manterá seu cargo. A mídia do Sudão reportou que o primeiro-ministro foi levado ao palácio presidencial para assinar um acordo com al-Burhan.
Apesar disso, a população segue infeliz com a situação e centenas de pessoas foram às ruas hoje para protestar contra o golpe de Estado militar. As forças de segurança reagiram, lançando gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes na capital Cartum. Os atos populares têm sido marcados por violência e até mortes.
Em 2019, protestos para depor o ditador de longa data do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, levaram a um acordo de compartilhamento da liderança do país entre civis e militares. A medida era provisória até ser possível realizar uma eleição nos próximos anos.
Assim, Hamdok tornou-se primeiro-ministro do país por apontamento do Conselho de Soberania do Sudão, em 2019. As várias instabilidades na presidência da nação permitiram a ascensão política de al-Burhan, em abril do mesmo ano, ao posto de presidente interino.
Manifestações
A resposta popular ao golpe de al-Burhan veio rapidamente e segue firme, apesar da violência sofrida pelos manifestantes. O dia mais letal de protestos nesse mês foi a quarta-feira (17), quando pelo menos 15 pessoas morreram após levarem tiros de forças de segurança.
Os manifestantes marcham pela capital Cartum e nas cidades de Bahri e Omdurman, desde 25 de outubro, exigindo a devolução do poder às autoridades civis e o julgamento dos líderes do golpe.
"As pessoas estão aterrorizadas neste momento", disse um manifestante de Omdurman à Reuters.
Forças de segurança dispararam munição letal e gás lacrimogêneo para dispersar manifestações nas três cidades, e as comunicações de celulares foram suspensas, disseram testemunhas. A televisão estatal disse que havia feridos entre manifestantes e policiais.
*Com informações da Reuters e AFP
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